Órgãos mais transplantados são rim, fígado, coração e pâncreas /
O Programa Estadual de Transplantes (PET), da Secretaria de Estado de
Saúde do Rio de Janeiro (SES), atingiu este mês o recorde de 304
autorizações para doações de órgãos. “Isso significa que 304 famílias tiveram
órgãos de seus familiares doados. Essas doações geraram mais de 800
transplantes de órgãos”, informou hoje (31) à Agência Brasil,
o coordenador do PET, urologista Gabriel Teixeira.
Teixeira explicou que dependendo da idade do potencial doador e do caso
clínico, cada pessoa pode doar determinados órgãos. “Na maioria das vezes, cada
doação gera mais de um transplante de órgãos”, explicou.
Os órgãos mais transplantados no estado são rim, fígado, coração e pâncreas.
Teixeira disse que o rim é o órgão que mais pessoas precisam em função de
doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e também pelo envelhecimento da
população. “A doença renal crônica cada vez tem maior incidência e, dessa
forma, o transplante renal acaba sendo uma terapia cada vez mais demandada. E,
por conseguinte, o rim é o órgão mais transplantado também”.
O recorde anterior de transplantes foi registrado em 2015, com 303 doadores.
No ano passado, foram 218, o que representa expansão, este ano, até o momento,
de 16,4%. Gabriel Teixeira afirmou que até o final de 2020, a meta é alcançar o
4º lugar nacional em termos de doadores. “Começamos este ano em 11º lugar e
estamos terminando em oitavo. Esperamos acabar 2020 em 4º lugar”.
Os estados brasileiros que apresentam maiores taxas de doações são Santa
Catarina, Paraná e Ceará. “Em números absolutos, acho que já somos o terceiro
(colocado) no Brasil. Mas quando a gente relativiza pela população, a gente acaba
caindo algumas posições. São Paulo tem o maior número de doadores em termos
absolutos, mas quando você relativiza pelo número de habitantes, aí o estado
não fica nas primeiras posições”.
Investimentos
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) prevê investir este ano, no PET, cerca
de R$ 25 milhões. Segundo Gabriel Teixeira, o dinheiro deve ser usado para
ampliar as equipes nos hospitais, aumentando as estruturas mais centralizadas,
melhorar a estrutura logística e operacional da própria central e os centros
transplantadores, para que a capacidade trasplantadora do estado consiga
acompanhar o ritmo de aumento dos doadores.
Teixeira avaliou que a doação de órgãos ainda é um tabu para muitas famílias
brasileiras. “Na nossa sociedade, falar sobre a morte é difícil. O Brasil ainda
enfrenta muito desconhecimento sobre a morte encefálica (completa e
irreversível parada de todas as funções do cérebro), sobre a doação de órgãos,
porque nós temos ainda medo de falar sobre a morte”, disse. Ele ressaltou a
importância de informar familiares sobre a decisão de doar os órgãos no caso de
morte encefálica ou até em uma morte não encefálica. “Ainda se fala pouco sobre
isso”, lamentou.
Taxa de autorização
Apesar do assunto ainda não ser amplamente discutido, o coordenador do PET
disse que um dos muitos motivos para que o programa conseguisse alcançar a
marca expressiva de doadores foi a melhora considerável na taxa de autorização
familiar. A taxa no estado girava em torno de 40%, semelhante à média nacional.
No final do ano, a taxa média foi da ordem de 75%.
“Teve momentos de até 90% de autorização familiar. Realmente, uma mudança
bastante expressiva na nossa sociedade fluminense com relação ao tema. Isso se
deu a ações de conscientização mas, principalmente, à melhora nas técnicas de
abordagem a famílias que, por vezes, precisam de um profissional bem treinado e
capacitado para que elas possam compreender a morte encefálica e tomar a
decisão da doação de forma clara e consciente”, explicou.
A meta do PET para 2020 é elevar o número de doações em, no mínimo, 20%, o
que significaria chegar a um número próximo de 360 doadores. Gabriel Teixeira
acredita, porém, que com o investimento novo sendo aplicado na doação e no
transplante, o PET poderá “alçar voos mais altos e conquistar o 4º lugar no
país em doação de órgãos”. Embora o número do último trimestre do ano ainda não
esteja consolidado, ele estimou que o programa poderá atingir cerca de 400
doadores.
O secretário de Estado de Saúde, Edmar Santos, espera que o investimento de
R$ 25 milhões ajude a expandir a rede de transplantes no estado, “já que nossas
equipes estarão atuando em hospitais de diversos municípios”.
Balanço
O PET foi lançado oficialmente pelo governo fluminense em abril de 2010,
embora os trabalhos tenham sido iniciados no ano anterior. Nos nove anos do
programa, já foram realizados mais de 16 mil transplantes. “A gente começou lá
atrás, em 2009, com 44 doadores em um ano e, hoje, a gente consegue fazer
isso em praticamente um mês. Conseguimos avançar bastante no tema”, contou
Gabriel Teixeira.
O PET realiza também transplantes de medula óssea, ossos, pele, córnea e
esclera, que é uma membrana que protege o globo ocular.
Publicado Por Alana Gandra – Repórter
da Agência Brasil – Rio de Janeiro