Primeiros
testes chegam aos clientes na próxima semana.
A startup paranaense de equipamentos de saúde Hi Technologies, especializada
em exames laboratoriais, está produzindo um lote de testes para diagnosticar o
coronavírus, cujo avanço rápido no país tem ampliado a demanda por prevenção e
detecção da doença.
Segundo o cofundador e presidente da companhia, Marcus Figueiredo, o teste
foi validado há poucos dias e o primeiro lote chegará a alguns clientes na
semana que vem, chegando depois a farmácias e hospitais de algumas das cidades
mais populosas do país a partir de abril.
O procedimento de teste é feito de forma remota, com a amostra de sangue
coletada numa cápsula e introduzida com reagentes num dispositivo portátil. O
resultado é transmitido instantaneamente para um laboratório físico, onde os
dados são processados com uso de algoritmos antes da emissão de um laudo. O
resultado sai em até 15 minutos, ao custo de 130 reais, diz a empresa.
Segundo Figueiredo, o procedimento é compatível com testes rápidos
anunciados há cerca de um mês na China, onde a doença surgiu na virada do ano.
O nível estimado de precisão do teste da Hi é de 93% a 98%.
Diferente de alguns sistemas utilizados até agora no país, que permitem
detectar a doença mesmo antes de uma pessoa ter sintomas da doença, a
tecnologia da Hi é para casos em que o indivíduo já apresenta sintomas do novo
coronavírus há pelo menos três dias.
A detecção é feita por meio de um anticorpo produzido pelo próprio
indivíduo, e não do Covid-19.
Além da startup, hospitais e outras empresas de diagnósticos médicos
brasileiros estão desenvolvendo seus próprios mecanismos de testes para o
coronavírus. As empresas de diagnósticos médicos Fleury, Dasa e Hermes Pardini
têm aplicado testes desde fevereiro.
De acordo com Figueiredo, esses recursos de diferentes instituições de saúde
devem estar disponíveis no mercado nas próximas semanas, à medida que o número
de casos da doença cresce rapidamente no país, elevando a procura das pessoas
por testes em ambientes alternativos aos de hospitais públicos.
Até esta quinta-feira já foram contabilizadas sete mortes ligadas ao coronavírus
no Brasil, sendo cinco em São Paulo e duas no Rio de Janeiro.
De acordo com Figueiredo, embora a demanda deva crescer na mesma velocidade
que o total de casos confirmados, o volume de testes deve crescer de forma
planejada.
“A capacidade produtiva não é o maior desafio, mas não posso colocar 1
milhão de testes no mercado, porque essa é uma epidemia que deve ter vida
curta”, disse o executivo. “No momento, estamos atendendo as
encomendas.”
Criada em 2017, a Hi se apresenta como uma healthtech, plataforma de
tecnologia de serviços de saúde. A empresa afirma que já está trabalhando com
seu sistema de laboratório portátil com redes de farmácias incluindo RD, Pague
Menos e Panvel para detecção de doenças como Aids, Zika, Chikungunya, dengue,
hepatites e diabetes.
A startup tem uma equipe de 125 pessoas, incluindo farmacêuticos e
engenheiros de medicina, com parte da equipe rodando o noticiário global sobre
epidemias para eventualmente desenvolver testes para detecção delas.
A companhia tem entre os sócios a Positivo Tecnologia e os fundos de venture
capital monashees e Qualcomm Ventures.
Publicado em 20/03/2020 – 11:16 Por Aluisio
Alves – Repórter da Reuters – São Paulo