quarta-feira, agosto 13, 2025
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Estimativa da safra de grãos cai 1,2%, para 254 milhões de toneladas

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De acordo com a Conab, queda se deve a clima adverso

A produção de grãos no Brasil deverá ficar em 254 milhões de toneladas, segundo o 11º Levantamento da Safra de Grãos 2020/2021 divulgado hoje (10) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A previsão apresenta uma queda de 1,2%, na comparação com o levantamento anterior. De acordo com a Conab, o volume menor se deve ao impacto causado pelo clima adverso nas lavouras e na produção do país.

Segundo a companhia, “apesar de ter havido aumento de área plantada em mais de 4%, a redução se deve, principalmente, à queda das produtividades estimadas nas culturas de segunda safra, justificada pelos danos causados pela seca prolongada nas principais regiões produtoras, bem como às baixas temperaturas com eventos de geadas ocorridas nos estados da região centro-sul do país”.

Milho

O milho foi uma das culturas mais afetadas, com uma queda de produtividade estimada em 25,7%. A previsão é de que sejam colhidos 4.065 quilos por hectare somente na segunda safra do cereal. A produção total estimada pela Conab deve chegar a 86,7 milhões de toneladas, sendo 24,9 milhões de toneladas na primeira safra, 60,3 milhões de toneladas na segunda e 1,4 milhão de toneladas na terceira safra.

“A redução só não foi maior porque os altos preços do grão impulsionaram um aumento de área plantada em 8,1%, chegando a 14,87 milhões de hectares. Além disso, Mato Grosso, principal estado produtor, foi o que menos registrou condições climáticas adversas durante o cultivo do cereal”, informou a Conab.

Soja, arroz e feijão

Com a colheita já encerrada, a soja registrou uma elevação de 11,1 milhões de toneladas na produção, o que manteve o Brasil como o maior produtor mundial da oleaginosa. A colheita desse grão foi recorde, com 135,9 milhões de toneladas.

No caso do arroz, a produção registrou crescimento de 5% na comparação com o período anterior, e chegou a 11,74 milhões de toneladas. O feijão, segundo a companhia, tem as atenções voltadas para sua terceira safra, ainda em fase inicial de colheita. A Conab prevê uma produção total de 2,94 milhões de toneladas, número 8,8% menor que da safra anterior (2019/2020), que sofreu impacto da seca em suas principais regiões produtoras.

Trigo

A produção estimada de trigo é de 8,6 milhões de toneladas, o que, se confirmado, também representa recorde. “Com o plantio já encerrado, o grão apresenta um expressivo crescimento na área de 15,1%, situando-se em 2,7 milhões de hectares. Os preços elevados no mercado internacional nos últimos anos incentivaram a maior procura pelos produtores. Aliado à valorização externa, o alto custo do milho no cenário nacional também incentivou o cultivo do trigo, por ser um possível substituto para ração animal”, informou a Conab.

A companhia, no entanto, alerta que os números poderão sofrer alterações devido a questões climáticas, como as geadas que têm sido registradas nas principais regiões produtoras do país, ainda não quantificadas pela Conab.

Exportação

Em meio a um “cenário positivo no mercado internacional”, o algodão teve sua previsão de exportação aumentada em termos de volume do produto em fibra. A Conab prevê que o aumento será de 4,69%, na comparação com a estimativa anterior.

Já as previsões de exportação de milho e soja foram reduzidas. No caso da soja foi observado ao longo do ano “baixo percentual comercializado”. Dessa forma, as exportações, que estavam estimadas em 86,69 milhões de toneladas, caíram para 83,42 milhões de toneladas.

No caso do milho, a previsão é de uma queda de 20% nas exportações, o que, segundo a Conab, corresponde a 23,5 milhões de toneladas ao final da safra. “Por outro lado, a projeção de importação manteve-se inalterada em 2,3 milhões de toneladas”, disse a companhia.

Edição: Fernando Fraga

Publicado em 10/08/2021 – 11:45 Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Marinha faz desfile com carros blindados na Esplanada dos Ministérios

Ato ocorre no dia da votação da PEC do Voto Impresso na Câmara

A Marinha realizou hoje (10) um desfile com veículos blindados e armamentos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a caminho do Centro de Instrução de Formosa, em Goiás, onde haverá treinamento de militares. O presidente Jair Bolsonaro acompanhou o evento da rampa do Palácio do Planalto, onde recebeu o convite para comparecer a uma demonstração operativa que será realizada em 16 de agosto.

O ato ocorre no mesmo dia em que está prevista a votação, no plenário da Câmara dos Deputados, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, que torna obrigatório o voto impresso no país. Para parlamentares, o evento seria uma tentativa de intimidação. 

No entanto, em nota divulgada na noite de ontem (9), o Comando da Marinha destaca que a “entrega simbólica foi planejada antes da agenda para a votação da PEC 135/2019 no Plenário da Câmara dos Deputados, não possuindo relação com a mesma, ou qualquer outro ato em curso nos Poderes da República”. 

Ao abrir a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, nesta terça-feira, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz, disse que “o papel das Forças Armadas é defender a democracia, não ameaçá-la”.

Comboio com veículos blindados e armamentos passa pela Esplanada dos Ministérios
Comboio com veículos blindados e armamentos passa pela Esplanada dos Ministérios – Marcelo Camargo/Agência Brasil

“É um absurdo inaceitável. Não é um teatro sem consequências, mas um ataque frontal à democracia que precisa ser repudiado”, disse Aziz. “Desfiles como esse serviriam para mostrar força para conter inimigos externos que ameaçassem nossa soberania, o que não é o caso. As Forças Armadas jamais podem ser usadas para intimidar sua população, seus adversários, atacar a oposição legitimamente constituída. Não há nenhuma previsão constitucional para isso”, completou.

Segundo o Comando da Marinha, o objetivo do desfile foi convidar o presidente Bolsonaro para participar do treinamento em Formosa, que é realizado desde 1988. Porém, o convite costumava acontecer em gabinete, de forma protocolar. É a primeira vez que esse desfile ocorre na área central de Brasília. De acordo com a Marinha, a operação tem o objetivo de “assegurar o preparo do Corpo de Fuzileiros Navais como força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, conforme previsto na Estratégia Nacional de Defesa. Este ano, de forma inédita, haverá também a participação de meios do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, de modo a incrementar a interoperabilidade das Forças Armadas do País”.

Ontem, partidos políticos entraram na Justiça para tentar impedir a exibição, mas as ações não tiveram efeito. Também nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que não apoia a demonstração e que, se os deputados quiserem, a votação sobre o voto impresso pode ser adiada.

Entretanto, ele não acredita que o desfile tenha relação com a votação. “No país polarizado, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão. Entramos em contato com o presidente Bolsonaro, que garantiu que não há esse intuito. Mas não é usual, é uma coincidência trágica dos blindados para Formosa. Isso apimenta este momento”, afirmou.

Este ano, a operação envolve mais de 2,5 mil militares, da Marinha, do Exército e da Força Aérea, que simulam uma operação anfíbia, empregando mais de 150 diferentes meios, entre aeronaves, carros de combate, veículos blindados e anfíbios, de artilharia e lançadores de mísseis e foguetes. Os veículos e equipamentos que serão utilizados foram transportados do Rio de Janeiro para Brasília.

Comboio com veículos blindados e armamentos passa pela Esplanada dos Ministérios
Comboio com veículos blindados e armamentos passa pela Esplanada dos Ministérios – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Edição: Bruna Saniele

Publicado em 10/08/2021 – 11:50 Por Agência Brasil – Brasília

Inflação pelo IPCA sobe 0,96% em julho; INPC acelera para 1,02%

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Acumulado do IPCA nos últimos 12 meses é de 8,99%

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede o reajuste nos preços para as famílias com renda entre um e 40 salários mínimos, subiu 0,96% em julho, o maior resultado para o mês desde 2002, quando a alta foi de 1,19%. Os dados foram divulgados hoje (10), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, o indicador acumula alta de 4,76% e, em 12 meses,  8,99%, ficando acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (8,35%). É a maior taxa desde maio de 2016, quando o IPCA ficou em 9,32% em 12 meses. Em julho do ano passado, a taxa mensal foi de 0,36% e, em junho de 2021, de 0,53%.

Segundo o IBGE, oito dos nove grupos pesquisados apresentaram alta no mês, com o maior impacto vindo do aumento de 3,10% na habitação, grupo pressionado pela alta de 7,88% na energia elétrica. 

Por região, o reajuste tarifário da energia elétrica foi de 11,38% em São Paulo, 8,97% em Curitiba e 9,08% em uma das concessionárias de Porto Alegre. Em 12 meses, a energia elétrica acumula reajuste de 20,09%.

Segundo o analista da pesquisa, André Almeida, esse custo muitas vezes é repassado pelo comércio ao consumidor final, com o peso grande da energia elétrica.

“Além dos reajustes nos preços das tarifas em algumas áreas de abrangência do índice, a gente teve o aumento de 52% no valor adicional da bandeira tarifária vermelha patamar 2 em todo o país. Antes, o acréscimo nessa bandeira era de, aproximadamente, R$ 6,24 a cada 100kWh consumidos e, a partir de julho, esse acréscimo passou a ser de R$ 9,49”, explicou.

Destacou, a seguir, o aumento no grupo dos transportes, que subiram 1,52%, puxados pelas passagens aéreas, que aumentaram 35,22% depois da queda de 5,57% em junho. O transporte por aplicativo passou de -0,95% para 9,31% de um mês para o outro e o aluguel de veículo foi de 3,99% em junho para 9,34% em julho.

Os combustíveis aceleraram 1,24% em julho, depois de subirem 0,87% em junho. A gasolina teve alta de 1,55% no mês e acumula reajuste de 39,65% em 12 meses. O etanol caiu 0,75% no mês, mas teve aumento de 57,27% em 12 meses. O óleo diesel subiu 0,96% no mês e 36,35% em 12 meses.

Alimentos e bebidas

O grupo alimentos e bebidas subiu 0,60%, acima da taxa de junho (0,43%). O item alimentação no domicílio passou de 0,33% em junho para 0,78% em julho, puxado pela alta do tomate (18,65%), do frango em pedaços (4,28%), do leite longa vida (3,71%) e das carnes (0,77%). As quedas no mês foram verificadas no preço da cebola (-13,51%), batata-inglesa (-12,03%) e do arroz (-2,35%).

O acumulado em 12 meses ficou em 42,96% para o tomate, 34,28% nas carnes, 21,88% no frango em pedaços e 11,29% para o leite longa vida. A cebola teve queda de 40,38% em 12 meses e a batata-inglesa diminuiu 19,71%. O arroz, apesar da queda no mês, tem alta de 39,69% em 12 meses. Segundo Almeida, vários fatores contribuíram para a alta da inflação.

“Ao longo dos últimos 12 meses tivemos uma alta nos combustíveis e na energia elétrica, itens que pesam bastante no orçamento das famílias. A gasolina é o item com maior peso no IPCA. As carnes também, todos esses fatores contribuíram para esse aumento”, explicou o analista.

O único grupo que teve queda nos preços em julho foi o de saúde e cuidados pessoais. Ficou 0,65% mais barato com a redução dos preços dos planos de saúde (-1,36%), após a autorização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) do reajuste negativo de -8,19%, justificada pela diminuição da utilização de serviços de saúde suplementar durante a pandemia.

Por região, entre as 16 capitais pesquisadas, o maior índice foi anotado em Curitiba (1,60%) e o menor resultado foi o de Aracaju (0,53%).

INPC acelera 1,02%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias com rendimentos de um a cinco salários mínimos, acelerou para 1,02% em julho, após a alta de 0,60% em junho. A alta acumulada em 12 meses é de 9,85%, acima dos 9,22% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho do ano passado, o indicador ficou em 0,44%.

O acumulado de 12 anos no INPC vem numa curva crescente desde julho de 2020, quando a taxa acumulada estava em 2,69%.

Publicado em 10/08/2021 – 12:41 Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

IBGE prevê safra recorde de 256,1 milhões de toneladas em 2021

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Estimativa vem caindo desde abril, mas previsão de recorde se mantém

Até o fim deste ano, a safra brasileira de grãos, cereais e leguminosas deve totalizar 256,1 milhões de toneladas, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgado nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da redução, pelo quarto mês seguido, na estimativa, o número mantém o nível recorde, ficando 0,8% acima da safra de 2020, que já havia sido recorde, com a produção de 254,1 milhões de toneladas.

Segundo o gerente da pesquisa, Carlos Barradas, a produtividade das lavouras de milho foi afetada pelo plantio tardio da segunda safra e pela falta de chuvas durante o ciclo da cultura, uma das principais commodities da agricultura brasileira. Somados, o milho, a soja e o arroz representam 92,4% da safra brasileira.

“O milho é plantado depois da soja e, como a soja atrasou, a janela de plantio do milho ficou menor. Já tendo sido plantada fora da época ideal e ainda tendo chovido menos do que o esperado no período do cultivo, a safra de milho foi bastante afetada pelos fatores climáticos. O rendimento médio do cereal apresenta um declínio de 16,7%”, disse.

Conforme os dados do IBGE, a estimativa de produção de milho caiu 3,6%, passando para 91,6 milhões de toneladas. O número é 11,3% inferior ao de 2020, apesar do aumento de 6,6% na área plantada.

A colheita da soja já foi concluída e apresentou o melhor resultado na série histórica do levantamento do IBGE, totalizando 133,4 milhões de toneladas. A produção ficou 9,8% acima da de 2020, com mais 11,9 milhões de toneladas que a do ano passado.

O bom resultado da soja foi puxado pela recuperação do Rio Grande do Sul, que passou por uma estiagem em 2020 e neste ano cresceu 80,6%, com a produção recorde de 20,43 milhões de toneladas. Com isso, o estado passou a ser o segundo maior produtor do grão, ultrapassando o Paraná, que teve a produção reduzida em 4,7% neste ano por causa da falta de chuvas.

Também foram afetados por fatores climáticos e tiveram redução no rendimento médio da lavoura de soja o s estados de Mato Grosso (-3,5%) e Goiás (-2,4%). A Bahia registrou a maior produtividade média do Brasil para o grão, com 4.020 quilos por hectare.

Para o arroz, a estimativa ficou em 11,5 milhões de toneladas em julho, aumento de 2,6% em relação ao mês anterior e 4,1% a mais do que na safra de 2020. Segundo Barradas, a produção pode ajudar a equilibrar o preço do grão, que teve aumento acentuado no ano passado.

“Essa produção será suficiente para abastecer o mercado brasileiro, possibilitando maior equilíbrio nos preços do cereal, que alcançou patamares históricos em 2020, em razão do aumento do consumo interno e das exportações devido ao estímulo cambial”.

Já a estimativa para o feijão foi reduzida em 1,6%, permanecendo 0,5% acima do produzido no ano passado.

Produção regional

Por região, tiveram alta nas estimativas de safra o Sul (7,5%), com total de 78,6 milhões de toneladas e 30,7% do total nacional; o Nordeste , com mais 4,9%, subindo para 23,7 milhões de toneladas e 9,3% do total; o Sudeste, com 3,4%, chegando a 26,6 milhões de toneladas e respondendo por 10,4% da safra brasileira; e o Norte, com alta de 0,9%, total de 11,1 milhões de toneladas e 4,3% do total.

No Centro-Oeste, maior região produtora de grãos, cereais e leguminosas, estima-se queda de 4,6% frente a 2020, mantendo-se a participação de 45,3% na safra nacional, com 116,1 milhões de toneladas em 2021.

Os cinco estados que mais produzem no país respondem por 79,8% do total nacional de grãos, cereais e leguminosas. Mato Grosso permanece em primeiro lugar, com 27,7%. Em seguida, vêm Paraná, com 14,6%; Rio Grande do Sul, com 13,7%; Goiás, com 9,1%; Mato Grosso do Sul, com 8,3%; e Minas Gerais, com 6,4%.

Edição: Nádia Franco

Publicado em 10/08/2021 – 14:37 Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Hélcio Bruno nega envolvimento em irregularidade na compra de vacina

Militar da reserva presta depoimento à CPI da Pandemia

O presidente do Instituto Força Brasil (IFB), militar da reserva Hélcio Bruno de Almeida, negou nesta terça-feira (10) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado qualquer irregularidade na reunião que serviu para negociar a compra de vacinas por meio da Davati Medical Supply com o Ministério da Saúde, em 12 de março de 2021. Apontado como responsável pela aproximação entre a Davati e o Ministério da Saúde, o tenente-coronel foi convocado pela comissão depois de ter participado de conversas em que foram discutidas ofertas de vacinas e ter sido alvo da CPI das Fake News no Congresso.

Agenda

Sobre a reunião do dia 12 de março, no Ministério da Saúde, da qual participaram também representantes da Davati, empresa que tentou vender vacinas sem ser representante da fabricante, Hélcio Bruno afirmou que aceitou compartilhar a data que tinha na agenda do ministério com a Davati a pedido do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da organização não governamental (ONG) Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). Aos senadores, o depoente disse que fez uma pesquisa na internet sobre a empresa e que na ocasião não encontrou “nada que a desabonasse”. Segundo o militar, somente nessa reunião conheceu os representantes da Davati, Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominguetti. A intenção dele no encontro, destacou, era acelerar a venda de vacinas para o mercado privado, apesar da impossibilidade legislativa disso à época.

“Uma vez que o compartilhamento da reunião pré-agendada poderia acelerar a vacinação privada, e considerando que até então não havia qualquer elemento em desfavor da Davati, que certamente seria profundamente investigada pelo Ministério da Saúde antes de qualquer negociação, não se enxergou nenhum possível prejuízo no compartilhamento da agenda do IFB [Instituto Força Brasil], vislumbrando-se, por outro lado, um potencial benefício à vacinação do país”, justificou.

O militar da reserva também ressaltou que jamais participou de qualquer reunião ou encontro no qual teria sido oferecida ou solicitada vantagem indevida por quem quer que seja para a compra de imunizantes. O depoente acrescentou ainda que nunca esteve presente em qualquer jantar com Dominguetti, “muito menos” no que teria ocorrido em 25 de fevereiro, no restaurante Vasto, em Brasília. A CPI investiga se, nessa ocasião, teria sido pedida pelo então diretor de Logística do ministério, Roberto Dias, propina de US$ 1, por dose comprada, sobre 400 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca que estavam sendo oferecidas pela Daviti ao Ministério da Saúde. Dias nega a acusação.

Relações

Hélcio Bruno negou à CPI ter feito negócios com Roberto Dias, assim como conhecer o ex-assessor do Ministério da Saúde Marcelo Blanco, que estava no jantar em que teria havido o suposto pedido de propina. O depoente destacou ainda que nunca teve proximidade com o então secretário executivo da pasta, coronel Elcio Franco. “Nunca tive relação de amizade ou qualquer proximidade com o coronel Elcio Franco, apenas podendo eventualmente tê-lo encontrado em alguma solenidade militar de que não me recordo. Nunca frequentei a sua residência, não conheço a sua família, jamais almoçamos ou jantamos juntos, não fomos contemporâneos na Aman [Academia Militar das Agulhas Negras], e tampouco servimos [o Exército] juntos”, disse.

Especialista e autointitulado consultor de defesa e segurança, Hélcio Bruno se apresenta nas redes sociais como representante sênior da empresa Suntech Soluções de Inteligência, adquirida pela companhia israelense Verint Systems. Apesar disso, o militar da reserva negou ter atuado como representante comercial da Suntech junto ao Ministério da Defesa. A negativa foi em resposta ao senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que citou notícias que apontam que o tenente-coronel da reserva teria atuado como facilitador da empresa em um contrato de R$ 33 milhões com o ministério. “Como representante comercial jamais [atuei]. Sou consultor de defesa e segurança”, afirmou.

Habeas corpus

Amparado por habeas corpus concedido ontem (9) pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite que Hélcio Bruno de Almeida não responda a perguntas que possam incriminá-lo, ele se negou a responder vários pontos levantados por parlamentares. O depoente se calou, por exemplo, quando questionado sobre a natureza das atribuições do Instituto Força Brasil. Também não respondeu sobre sua relação com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Alertado várias vezes por senadores de que não poderia se negar a responder questionamentos mais básicos que não o prejudicassem, o militar passou a responder a perguntas autorizadas pela sua defesa.

Edição: Juliana Andrade

Publicado em 10/08/2021 – 14:59 Por Karine Melo – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Economia Anfavea apresenta cenários para futuro da motorização de veículos

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Ela diz que é preciso saber quais rotas tecnológicas serão seguidas

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresentou hoje (10), durante seminário em São Paulo, três cenários para o futuro da motorização dos veículos nos próximos 15 anos, com base na realidade brasileira. 

O primeiro, chamado de Inercial, mostra a transformação dos veículos no ritmo atual, sem metas estabelecidas, nem organização dos setores envolvidos tanto no transporte quanto na geração de energia, além da ausência de políticas públicas de incentivo da eletrificação dos automóveis.

O segundo, batizado de Convergência Global, seria o mais acelerado para acompanhar os movimentos já existentes nos países mais desenvolvidos. O terceiro é o Protagonismo de Biocombustíveis, um caminho que privilegiaria combustíveis verdes, mas com um grau de eletrificação semelhante ao do cenário Inercial.

“Ultimamente, temos observado eventos climáticos extremos, como enchentes na Europa e na China, incêndios devastadores no Mediterrâneo e nos Estados Unidos, seca e geadas no Brasil, além de temperaturas aumentando em escala global. O tema ficou ainda mais em pauta com a divulgação, feita ontem pela ONU (Organização das Nações Unidas), do relatório IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), com a estimativa de que o limite de +1,5° C de aquecimento global em relação ao período pré-industrial será alcançado em 2030, dez anos antes do previsto, com efeitos climáticos sem precedentes”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

Segundo ele, a entidade lidera esse debate, que classificou como fundamental e inadiável, para que a indústria automotiva saiba como direcionar seus investimentos para as próximas gerações de veículos e para inserir o Brasil nas estratégias globais de motorização com foco total na descarbonização.

Grau de eletrificação

De acordo com a Anfavea, é preciso saber quais rotas tecnológicas e energéticas deverão ser seguidas, qual será o grau de eletrificação da frota, o papel dos biocombustíveis e como os setores público e privado precisam agir hoje para garantir a inserção do Brasil no setor automotivo global, tendo em vista os debates e os reflexos da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26), que será realizada em novembro em Glasgow, na Escócia.

Durante o seminário O Caminho da Descarbonização do Setor Automotivo, representantes da Anfavea apontaram conclusões para conduzir o debate sobre o tema, que, em sua avaliação, deve ser urgente. A primeira foi a de que mesmo em um cenário mais conservador, o mercado brasileiro demandará milhões de unidades de veículos eletrificados até a metade da próxima década, podendo chegar a 432 mil veículos leves por ano em 2030 e 1,3 milhão ao ano em 2035.

“A indústria precisará entrar em um novo ciclo de investimentos para se manter competitiva, e, ao mesmo tempo, garantir 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos na cadeia automotiva. Serão necessários altíssimos investimentos em toda a cadeia para que o Brasil abasteça seu mercado local e se consolide como um polo exportador”, disse o estudo da Anfavea.

Para a entidade é necessário que o poder público brasileiro estabeleça políticas para acelerar os cenários de descarbonização, como já ocorre em outros países, principalmente da Europa. “É possível estimular o consumo de carros mais limpos com medidas como menor tributação, ou imposto verde, descontos ou isenções em recarga, pedágio, zona azul, rodízio e financiamentos com métrica de dados ambientais, sociais e de governança das empresas”.

A Anfavea citou, ainda, os reflexos que uma atualização da frota deve ter nos combustíveis, já que, com a maior parte dos veículos (8)%) ainda flex e os caminhões e ônibus (90%) a diesel em 2035, a demanda por esses combustíveis deverá ser maior, exigindo investimentos altos da indústria produtora de etanol, gasolina, diesel e biodiesel. 

Ainda no item investimentos, a entidade destacou a necessidade de instalação de ao menos 150 mil carregadores para atender os veículos eletrificados, o que implica num investimento de aproximadamente R$ 14 bilhões, além de gastos em geração e distribuição de energia de fontes limpas para suprir a frota de elétricos.

Veículos eletrificados

De acordo com o estudo, feito em conjunto com Boston Consulting Group (BCG), com uma política pública industrial adequada e bem planejada, se poderá promover um novo ciclo de investimentos nos próximos 15 anos superior a R$ 150 bilhões. 

“Outros países já definiram suas metas de descarbonização, bem como os caminhos para se chegar a elas. O Brasil, em seu papel de um dos principais mercados para o setor de transporte no mundo, não pode mais perder tempo”, afirmou Moraes.

Segundo o presidente da Anfavea, o momento é de união de todos os setores envolvidos com a cadeia de transporte terrestre do país e poder público para definir as metas neste sentido.

“É hora de unir esforços, respeitando as vocações de nossa indústria e as particularidades do nosso país continente. Só com essas definições de metas é que os investimentos corretos poderão ser feitos, colocando o Brasil em um caminho global que não tem mais volta, que é o da redução das emissões dos gases de efeito estufa. Temos essa obrigação para com as futuras gerações”, concluiu Moraes.

Edição: Kleber Sampaio

Publicado em 10/08/2021 – 15:07 Por Flavia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

Queda de índice global da FGV reflete recuo da expansão do PIB

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Índices abrangem pesquisa de tendência econômica em mais de 50 países

Os Barômetros Econômicos Globais referentes a agosto, divulgados hoje (10) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostram queda, provocada especialmente pela desaceleração das taxas interanuais de crescimento econômico mundial no terceiro trimestre de 2021. Apesar desse recuo, entretanto, a FGV avalia que os níveis dos indicadores são ainda elevados e compatíveis com a continuidade da atual fase de retomada da economia mundial.

Os barômetros econômicos são um sistema de indicadores que permite uma análise tempestiva do desenvolvimento econômico global e foram lançados em março de 2020 pela FGV. Os dois índices compreendem os resultados de pesquisas de tendências econômicas realizadas em mais de 50 países.

De acordo com a pesquisa, o Barômetro Econômico Global Coincidente, que reflete o estado atual da atividade econômica, recuou 10,1 pontos em agosto, passando para 118,1 pontos. O Barômetro Econômico Global Antecedente, que emite um sinal cíclico cerca de seis meses à frente dos desenvolvimentos econômicos reais, recuou 11,3 pontos, para 112,7 pontos. Todas as regiões pesquisadas mostram retração em agosto, com quedas mais acentuadas na região da Ásia, Pacífico e África, em ambos os indicadores.

Na avaliação do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), Paulo Picchetti, o relaxamento das restrições à mobilidade que vem ocorrendo com o avanço da vacinação contra a covid-19 na maioria dos países vem dando continuidade à retomada do nível de atividades. “Porém, essa retomada mostra desaceleração no início do segundo semestre do ano, em função de preocupações com novas variantes do vírus”. Picchetti completou que, “adicionalmente, a restrição de disponibilidade de insumos para a indústria, observada em todas as regiões, exerce pressões sobre custos de produção, o que por sua vez levanta preocupações em relação à evolução da política monetária, tanto em países centrais quanto emergentes”.

Barômetro Coincidente

A região da Ásia, Pacífico e África contribuiu com a maior parcela (6,3 pontos) da queda de 10,1 pontos em agosto do Barômetro Global Coincidente, seguida pelo Hemisfério Ocidental, com 2 pontos, e a Europa, com 1,8 ponto. Para o Ibre/FGV, o resultado evidencia, em grande parte, a desaceleração das taxas interanuais de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, na medida em que a economia se afasta do período-base do segundo trimestre de 2020. Todas as regiões ainda registram indicadores acima do nível médio histórico de 100 pontos, informou a FGV.

Dos cinco setores da pesquisa que contribuem de forma negativa para o resultado agregado do índice em agosto (construção, indústria, economia, serviços e comércio), o que mostrou recuo mais significativo, pelo segundo mês consecutivo, da ordem de 16,4 pontos, foi o indicador do setor de serviços. Apesar disso, ainda é esse setor que registra o maior nível entre os demais setores (122,9 pontos). Para a FGV, “é possível que a dificuldade de se controlar novas variantes do coronavírus esteja dificultando o retorno sustentável deste setor”.

Barômetro Antecedente

A pesquisa revela, da mesma forma, que os indicadores antecedentes das regiões da Ásia, Pacífico e África contribuem de forma negativa para o resultado do Barômetro Antecedente em agosto, com 7,8 pontos para a queda, enquanto o Hemisfério Ocidental contribui com -1,9 ponto, e a Europa com -1,6 ponto. “A desaceleração do ritmo excepcionalmente forte de expansão deve, portanto, continuar nos próximos meses. Além da desaceleração do crescimento, a piora do quadro sanitário em algumas regiões e gargalos no abastecimento de diversos insumos produtivos podem estar colaborando para a queda dos indicadores”, analisou a FGV.

Todos os indicadores antecedentes setoriais caíram em agosto. Destaque para a indústria, que havia dominado a recuperação da economia mundial até o início de 2021. Apesar de também registrarem queda, os setores de serviços, construção e comércio continuam apresentando níveis que sinalizam otimismo no curto prazo.

Edição: Denise Griesinger

Publicado em 10/08/2021 – 15:53 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro