O
ex-jogador cumpre prisão preventiva em Assunção.
O ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho e seu irmão e empresário, Roberto
de Assis Moreira, passaram a segunda noite presos em uma cela especial da
Agrupação Especializada da Polícia Nacional, em Assunção, Paraguai. O
Ministério Público do Paraguai pede ampliação das investigações para saber se o
ex-jogador teria cometido outros crimes como lavagem de dinheiro.
Ronaldinho e Assis estão presos em caráter preventivo, a pedido do
Ministério Público paraguaio, que temia que os dois deixassem o país antes das
autoridades esclareceram porque os dois ingressaram no Paraguai usando
documentos paraguaios com dados falsos. Caso não seja revertida, a prisão
preventiva pode durar até seis meses.
O ex-atleta e seu irmão chegaram ao Paraguai na manhã da última quarta-feira
(4). Embora cidadãos brasileiros possam ingressar no país vizinho apenas
apresentando o documento de identidade brasileiro, Ronaldinho e Assis
entregaram aos agentes da imigração um passaporte paraguaio preenchido com seus
dados pessoais, como se fossem cidadãos naturalizados paraguaios.
Apesar de estranharem o fato, os agentes autorizaram o ingresso da dupla.
Horas mais tarde, os dois foram alvos de uma operação que levou promotores do
Ministério Público e policiais a vasculharem os quartos do resort em que
Ronaldinho e Assis estavam hospedados e apreenderem os passaportes e as cédulas
de identidade paraguaias que os dois portavam.
Segundo o promotor Federico Delfino, do MP paraguaio, Ronaldinho e Assis
disseram ter viajado a convite do dono do cassino Il Palazzo, o brasileiro
Nelson Belotti, e que, já no país, foram procurados por representantes de uma
fundação de assistência, a Fraternidade Angelical, para participar de eventos
beneficentes. Ainda de acordo com o promotor, os documentos são autênticos, mas
foram preenchidos com informações falsas.
Na quinta-feira (5), promotores da Unidade Especializada em Crime
Organizado, do MP paraguaio, propuseram que o ex-jogador de futebol e seu
empresário fossem liberados por colaborarem com as investigações. Com base
nisto, Ronaldinho e Assis prestaram novos depoimentos na sexta-feira (6) à
tarde, já preparados a deixar o país. Mas após cerca de seis horas de
audiência, o juiz Mirko Valinotti indeferiu o argumento do MP, estabelecendo um
prazo de dez dias para que os promotores responsáveis pelo caso reavaliassem a
situação.
O MP, então, voltou atrás em sua manifestação. Um novo promotor, Osmar
Legal, da Unidade Especializada em Delitos Econômicos, foi designado para o
caso, sugerindo que as autoridades locais investigam também a hipótese de
lavagem de dinheiro. Ainda na sexta-feira, o MP recomendou que Ronaldinho e
Assis fossem presos em caráter preventivo.
Detidos, os dois brasileiros foram conduzidos para a cela especial da
Polícia Nacional, onde passaram a noite de sexta para sábado, quando se
apresentaram perante a juíza Penal de Garantias, Clara Ruiz Díaz, que manteve a
prisão preventiva por considerar graves os fatos investigados. Segundo o MP, a
defesa de Ronaldinho e de Assis ainda tentaram converter a medida em prisão domiciliar,
mas o pedido foi negado. “Os advogados pediram a prisão domiciliar, mas
[Ronaldinho e seu irmão] não tem endereço fixo [no Paraguai]”, comentou o
promotor.
Além de Ronaldinho e de Assis, também estão presos por suposto envolvimento
no caso o empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira, apontado como
representante legal do ex-jogador no Paraguai, e as paraguaias María Isabel
Gayoso e Esperanza Apolonia Caballero. O MP pediu também determinou a prisão da
empresária Dalia López Troche.
De acordo com informações divulgadas pelo MP paraguaio, Ronaldinho e seu
irmão afirmam que após viajarem à convite de Belotti, receberam o convite de
Dalia participar de eventos beneficentes. O ex-jogador e seu irmão também
afirmam ter recebido os documentos falsificados do empresário Wilmondes Sousa
Lira – que, por sua vez, responsabiliza a Dalia.
Já María Isabel e Esperanza Apolonia são investigadas porque, segundo a
Polícia Nacional, os documentos encontrados com os brasileiros foram emitidos
para as duas, que os solicitaram em janeiro deste ano.
Edição: Liliane Farias
Publicado em 08/03/2020 – 16:47 Por Alex
Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília