quarta-feira, dezembro 10, 2025
Home Blog Página 221

Commodities e China dominam exportações do Brasil em maio, indica FGV

0

Icomex confirmou tendência sinalizada nos meses anteriores.

O Índice de Comércio Exterior (Icomex) da Fundação Getulio Vargas, referente a maio, divulgado hoje (15), confirmou tendência já sinalizada nos meses anteriores de aumento das exportações brasileiras pautadas em commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) e destinadas para o mercado asiático, com redução para outros destinos. Segundo a FGV, o cenário de instabilidade, com desvalorização do real, não favorece as vendas de produtos industriais no exterior, que permanecem em queda.

O saldo da balança comercial foi de US$ 4,5 bilhões em maio, inferior em US$ 1,1 bilhão ao valor de igual mês de 2019. No acumulado do ano até maio, o saldo atingiu US$ 15,5 bilhões, resultado menor em US$ 4,8 bilhões ao de igual período do ano passado. O desempenho inferior na comparação interanual do acumulado até maio é explicado pela queda mais acentuada das exportações (-7,2%) em relação às importações (-2,5%), analisou a FGV.

As commodities somaram 71% das exportações brasileiras em maio e estão associadas ao setor de agropecuária, cujo aumento foi de 44,2% entre os meses de maio de 2019 e 2020, seguido do aumento de 11,3% da indústria extrativa. A indústria de transformação teve nova queda (-13,7%).

O volume exportado pelo Brasil aumentou 4,1% e o importado, 0,9% na comparação de maio de 2020 contra o mesmo mês de 2019. O aumento do volume exportado é explicado pelas commodities, que aumentaram 23,7% na comparação entre os meses de maio e 10,9%, no acumulado até maio deste ano comparativamente com o mesmo período do ano passado. Em termos de valor, as exportações de commodities caíram 1,5% em maio, ante maio de 2019, e aumentaram 4% no acumulado do ano até maio. “Ressalta-se que o aumento no volume tem sido compensado pela retração dos preços em maio (-20,5%) e no período de janeiro/maio (-5,2%), o que explica o comportamento do valor”, salienta o Icomex. As vendas de não commodities caem na comparação dos meses de maio (-27,7%) e no acumulado do ano (-20,3%), com queda de preços em ambos os casos.

Plataformas

A FGV esclareceu que os dados de importações foram afetados pelas plataformas de petróleo em maio deste ano. As importações mostraram variação de 78,7% em maio e de 22,2% no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano. Embora essas plataformas operem no país, elas eram registradas em subsidiárias da Petrobras no exterior para obtenção de isenções fiscais, de acordo com o Icomex. “Com a instituição do regime aduaneiro especial Repetro-Sped, em 2018, as plataformas têm sido nacionalizadas, o que influencia o valor das importações. Sem as plataformas, as importações em maio teriam recuado em 29% e o saldo seria de US$ 7,3 bilhões, o maior saldo desde 2018. O saldo seria maior, mas explicado pela queda das importações puxada pela retração da atividade econômica”, indica o Icomex.

Se excluirmos as plataformas, há uma queda nos bens de capital de 39,9% (maio) e de 3,7% no acumulado até maio, resultado que afeta a indústria de transformação. “Havíamos registrado uma queda de 13,7% na comparação interanual entre maio de 2019 e 2020 e sem as plataformas passa para um recuo maior de 19,5%”, indica o estudo.

De acordo com a FGV, o cenário recessivo da economia explica a queda nas compras de máquinas e equipamentos para o setor de agropecuária e indústria. Para o setor agropecuário, os resultados no nível de atividade são positivos, mas a desvalorização do real encarece a compra de novos equipamentos.

China

O Icomex confirma que a dependência das exportações das commodities, principalmente do setor agropecuário, se traduz na crescente importância da China como destino das exportações nacionais. Em maio, o volume exportado para a China cresceu 64,7% em relação a igual mês de 2019 e caiu para o restante da Ásia. Mesmo assim, China e o restante da Ásia são os únicos mercados com variação positiva na comparação do período de janeiro/maio entre 2019 e 2020, ressalta o estudo.

A China explicou 32,5% das exportações brasileiras e 20,8% das importações, no período de janeiro a maio de 2020. O mercado chinês é considerado essencial para um desempenho favorável das exportações brasileiras. Em maio, 78% das exportações para a China foram compostas de soja em grão (52,8%), minério de ferro (13,4%) e petróleo (12,2%). As carnes bovina, suína e de frango somaram 9,5% das exportações para o país.

As maiores quedas nas exportações brasileiras foram observadas para a Argentina (-55,2%), México (-46,6%), Estados Unidos (-36,8%) e demais países da América do Sul (-30%).

Perspectivas

As perspectivas não são muito otimistas, analisou o Icomex da FGV. As notícias divulgadas no final da segunda semana de junho sobre uma possível nova onda de epidemia do novo coronavírus na China reacendeu o alerta de um cenário ainda incerto, contrariando perspectiva “moderadamente otimista” sobre retomada das atividades nos mercados europeus, asiáticos e nos Estados Unidos. A projeção da Organização Mundial do Comércio (OMC) continua de queda no comércio mundial entre 13% e 32% este ano.

No Brasil, o Icomex avalia que “a queda das importações e um desempenho favorável das commodities no primeiro semestre atenuam pressões sobre o déficit da conta corrente”. Os resultados no segundo semestre vão depender da retomada da atividade econômica no mundo e no mercado brasileiro.

Edição: Lílian Beraldo

Publicado em 15/06/2020 – 14:31 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Saúde mental da criança em isolamento deve ser cuidada, diz psicólogo

0

Pais precisam observar sintomas que podem surgir no decorrer do tempo.

Acostumadas a correr, brincar, pular e saltar em ambientes abertos e rodeadas de amigos e colegas, as crianças têm sentido os efeitos de ficar o dia inteiro dentro de casa nesse perírodo de isolamento social. Longe da escola, da creche, dos parques e das praças, das casas de amigos e parentes e de outros ambientes a que estavam habituadas, elas ainda têm que lidar com a educação a distância, um formato até então inédito para o ensino formal de crianças e adolescentes.

“Nesse período de pandemia e consequente isolamento social, a rotina das crianças, inevitavelmente, sofre mudanças. A maior mudança é não ir à escola, e esse período da vida da criança no ambiente escolar é muito relevante. Ficar sem esses momentos em que a criança exercita sua socialização, compartilha conhecimentos e os adquire de maneira próxima com professores/educadores, pode ser um fator gerador de estresse emocional”, diz o psicólogo clínico Danilo Lima Tebaldi, do Centro de Saúde Escola, unidade auxiliar da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Segundo o psicólogo, os pais precisam prestar atenção a alguns sinais e sintomas que podem surgir no decorrer do tempo. “Os pais devem ficar atentos a qualquer mudança de comportamento dos filhos, ou seja, comportamentos que antes a criança não apresentava e passou a apresentar, tais como agressividade, comportamento inquieto e/ou agitado, presença de medos infundados e aspectos regredidos de comportamento [como chupar o dedo].”

É o que está acontecendo com Heitor, de 4 anos. Ele voltou a ter escapes de fezes e a ficar muito irritado, conta a servidora pública Luiza Gabriela Silveira Felipe, que é também mãe de Marina, de 3 meses.

“Ele sempre foi uma criança muito agitada, mas não era nervoso. Como ele ficou sem socializar, acabei liberando coisas [com] que ele não tinha costume, como o uso de video game. Acho que isso favoreceu para deixá-lo muito nervoso. Além disso, com a chegada da irmã, a gente teve que dividir a atenção dele, e ele não está sabendo lidar com isso”.

Luiza reassalta que voltaram comportamentos que há muito tempo Heitor não tinha. “Ele voltou a ter escapes, a fazer cocô na calça, coisa que não fazia há anos. Ele também está comendo roupa, ele fica se machucando… Fica muito nervoso, e a gente não consegue controlar o nervoso dele. Procurei ajuda de uma psicóloga infantil, ela me deu umas dicas, mas acredito, sim, que quando passar essa pandemia acabe isso.”

Diálogo constante

Tebaldi recomenda muito diálogo com os filhos nesse momento difícil. “Os pais devem estimular o diálogo com seus filhos, explicando o que está acontecendo a eles de uma maneira adequada a faixa etária de cada um. Ou seja, para crianças pequenas, a linguagem deve ser simples e acessível ao entendimento delas. E deve-se tomar cuidado com o excesso de informações, pois isso pode gerar ansiedade e medo na criança”, pondera.

O psicólogo destaca que os adultos, muitas vezes, pensam que as crianças ignoram o que está acontecendo, e isso não é verdade. “A criança, mesmo que sem os recursos cognitivos suficientes para entender e interpretar o contexto, sente que há algo ‘diferente’ acontecendo, e isso deve ser conversado. O diálogo é essencial neste momento para que a criança seja corretamente informada e, com isso, os sentimentos de medo e insegurança, que são normais nessa fase, sejam manejados de maneira adequada.”

Outra recomendação é estimular as crianças a expressar seus sentimentos, medos, angústias e inseguranças por meio de desenhos e estratégias em que haja o aspecto lúdico. “A rotina é outro ponto muito importante nesse momento. Muitas crianças estão tendo aulas de maneira remota, um desafio para muitos, e os pais devem ser participantes ativos neste processo m que o ensino e a aprendizagem ocorrem de maneira bem diferente do habitual.”

É o que tem feito a universitária Juliana Kelly Martins de Carvalho, mãe de Nicolas, de 3 anos. Ela conta que está conseguindo conversar mais com o filho. “Conversamos sobre sentimentos, sobre frustração, sobre nomear os sentimentos e maneiras de se acalmar.  Tento superar cada crise de uma vez. Obviamente isso me sobrecarrega mais, mas é assim que a gente lida, tenta fazer uma coisa diferente todos os dias, para ver como as coisas vão acontecendo.”

Juliana conta que Nicolas já estava em casa, porque tinha feito uma cirurgia, e que, quando ia voltar para a escola, veio o isolamento social. “E aí, sem sair e fazer o que estávamos acostumados, ele começou a ficar estressado, a ter uns ataques de raiva muito fortes. Não procurei ajuda, porque, apesar de tudo, agora conseguimos um esquema para ele ir para a casa do pai todos os fins de semana e também estamos conseguindo conversar mais com ele.”

Danilo Tebaldi enfatiza que o diálogo dos pais com as crianças tem de ser franco e espontâneo porque elas entendem, a seu modo, o que está acontecendo. “Falar abertamente sobre o tema da pandemia, os riscos de contaminação, as maneiras de prevenção, a importância do isolamento social, escutar o que as crianças pensam sobre isso, as dificuldades que elas encontram nesse momento, é fundamental.”

Falar sobre a importância da rotina de estudos, das brincadeiras e do descanso também é importante. É preciso ainda salientar que, ficar em casa não significa “férias”, e sim um novo modo de estar no mundo. “O estresse muitas vezes é inevitável, mas pode ser administrado e, consequentemente, minimizado, com diálogo, expressão de afetos de maneira lúdica, com desenhos, brincadeiras e jogos, para que a criança possa ventilar seus pensamentos e sentimentos e assim poder elaborar o que está acontecendo”, orienta Tebaldi.

Na avaliação do psicólogo, com o quadro atual da pandemia, em que muitas pessoas estão morrendo, e isso é diariamente noticiado, é comum e esperado que as pessoas fiquem ansiosas e inseguras. “O sentimento de incerteza é muito intenso, visto que não há, por enquanto, uma vacina ou remédio verdadeiramente eficaz para todos. Tais sentimentos podem se exacerbar deixando algumas crianças tímidas e mais introvertidas, e nesse momento é fundamental que a criança tenha espaço para expressar seus sentimentos”, finaliza.

Edição: Nádia Franco

Publicado em 14/06/2020 – 12:28 Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

Proporção da população com anticorpos do novo coronavírus aumenta 53%

0

Estudo é coordenado pela Universidade Federal de Pelotas.

Estudo coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) revelou um aumento de 53% em apenas duas semanas na proporção da população com anticorpos para o novo coronavírus nos principais centros urbanos brasileiros. O dado é resultado da segunda fase da pesquisa “Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil: Estudo de Base Populacional (Epicovid19-BR)”, financiada pelo Ministério da Saúde.

Os pesquisadores avaliam que esse aumento de 53% foi estatisticamente significativo e é inédito em estudos similares. Na Espanha, um estudo semelhante indicou aumento de apenas 4% entre as duas etapas da pesquisa. Para chegar a este resultado, a pesquisa considerou as 83 cidades em que puderam ser testadas e entrevistadas pelo menos 200 pessoas nas duas fases da pesquisa para estabelecer uma base de comparação.

“Esse aumento lança um alerta sobre a velocidade com que a doença continua se espalhando pelo Brasil. Somos, hoje, o país em que a Covid-19 se expande de forma mais acelerada em todo o mundo”, disse o coordenador geral do estudo e reitor da UFPel, Pedro Hallal.

A proporção da população com anticorpos nesses 83 municípios aumentou de 1,7%, na primeira fase, para 2,6%, na segunda fase. A pesquisa testou se as pessoas tinham anticorpos para a doença, o que significa que já foram ou estão infectadas pelo novo coronavírus, podendo se tratar de casos assintomáticos. As estatísticas oficiais incluem pessoas que foram testadas, em geral, a partir da apresentação de sintomas.

No total, a segunda fase da Epicovid19 realizou 31.165 testes e entrevistas de 4 a 7 de junho. Os dados foram coletados em 133 municípios do país. Em 120 dessas cidades, incluindo 26 das 27 capitais (com exceção de Curitiba), foi possível testar ao menos 200 pessoas, todas selecionadas por sorteio. A primeira fase foi realizada duas semanas antes, de 14 a 21 de maio, com 25.025 testes e entrevistas, sendo que em 90 cidades foi possível testar ao menos 200 participantes.

“Esse avanço metodológico talvez seja o grande destaque da segunda fase da pesquisa. Com um
maior número de entrevistas realizadas e de cidades incluídas nas análises, aumenta a nossa
capacidade, enquanto epidemiologistas, de interpretar os dados sobre coronavírus no Brasil”, disse Hallal.

Subnotificação

A partir da proporção de infectados identificado pelo estudo, a estimativa é que haja seis vezes mais casos de covid-19 do que o dado oficial registrado nesses municípios, que representam grandes centros urbanos. O resultado anterior, na primeira fase, considerando 90 cidades testadas, a pesquisa estimou que havia sete vezes mais casos do novo coronavírus do que registraram as estatísticas oficiais. Segundo explicou Hallal, essa variação não significativa, mas pode ser explicada por uma melhora na notificação dos casos oficiais pelo aumento da testagem.

No conjunto de 120 cidades com mais de 200 pessoas submetidas aos testes, a proporção de pessoas identificadas com anticorpos para covid-19 foi estimada em 2,8%. As 120 cidades correspondem a 32,7% da população nacional, totalizando 68,6 milhões de pessoas. Com isso, chegou-se à estimativa de 1,9 milhão de pessoas infectadas.

Na véspera do início da pesquisa, em 3 de junho, essas 120 cidades somadas contabilizavam 296.305 casos confirmados e 19.124 mortes. Ou seja, para cada caso confirmado do novo coronavírus nessas cidades, existem 6 pessoas que já foram ou ainda estão infectadas na população. O estudo concluiu que há uma grande disparidade entre o número estimado pela pesquisa e a estatística oficial de infectados.

A Epicovid19 abrange um total de 133 cidades selecionadas, chamadas sentinelas. Elas são os maiores municípios das subdivisões demográficas intermediárias do país, de acordo com critérios do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE).

Os pesquisadores alertam que esses resultados não devem ser extrapolados para todo o país, nem usados para estimar o número absoluto de casos no Brasil, já que essas são cidades populosas, com circulação intensa de pessoas e que concentram serviços de saúde. A dinâmica da pandemia pode ser distinta se observadas cidades pequenas ou áreas rurais. Apesar dessa ressalva, os pesquisadores voltaram a afirmam que a contagem de pessoas com anticorpos no Brasil certamente já está na casa dos milhões, e não mais dos milhares.

Regiões do país

Houve grande diferença na proporção de infectados por regiões do Brasil, assim como na primeira fase. As 15 cidades com maiores prevalências incluem 12 da Região Norte e três do Nordeste (Imperatriz, Fortaleza e Maceió).

Na Região Sul, nenhuma cidade apresentou prevalência superior a 0,5%, e, na Região Centro-Oeste, apenas três cidades superaram esta marca (Brasília, Cuiabá e Luziânia). Segundo os pesquisadores, esse resultado confirma que a Região Norte tem o cenário epidemiológico mais preocupante do Brasil, o que também já tinha sido revelado na primeira fase do estudo.

As diferenças entre as capitais do Brasil foram marcantes, ainda segundo os pesquisadores. Em Boa Vista (RR), a proporção da população que tem ou já teve coronavírus foi estimada em 25%, ou seja, um de cada quatro habitantes da cidade está ou já esteve infectado.

Foi possível testar ao menos 200 pessoas em 26 das 27 capitais. Entre essas, seis apresentaram resultado superior a 10%: Boa Vista (RR), Belém (PA), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Manaus (AM) e Maceió (AL). Das 10 capitais com percentuais mais altos da população com anticorpos, de 5,4% até 25,4%, quatro são da Região Norte (Boa Vista, Belém, Macapá e Manaus), cinco são da Região Nordeste (Fortaleza, Maceió, São Luís, João Pessoa, Salvador) e uma da Região Sudeste (Rio de Janeiro).

Em algumas cidades, as diferenças entre os resultados da primeira e da segunda fase foram acentuadas e o Rio de janeiro, a segunda cidade mais populosa do Brasil com 6,7 milhões de habitantes, foi uma delas. Lá, a proporção estimada de pessoas com anticorpos para o novo coronavírus aumentou de 2,2% para 7,5%, ou seja, 503 mil pessoas têm ou já tiveram o coronavírus. Em Maceió, o aumento foi de 1,3% para 12,2%. Em Fortaleza, o aumento foi de 8,7% para 15,6%.

A Agência Brasil solicitou posicionamento do Ministério da Saúde sobre os resultados do estudo, mas não obteve resposta até a conclusão da reportagem.

Edição: Fábio Massalli

Publicado em 12/06/2020 – 20:50 Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil – São Paulo 

Espanhol volta com abraços após gols e vitória do Sevilla em clássico

0

Atletas têm trabalho para obedecer distanciamento nas comemorações.

Bola de um lado, goleiro do outro. Não é exatamente esse o distanciamento social ao qual se referem os protocolos de sanitários pelo mundo, mas, é como foi o gol inaugural da volta do Campeonato Espanhol de futebol após 92 dias de paralisação devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Coube ao atacante argentino Lucas Ocampos, de pênalti (assinalado com auxílio do árbitro de vídeo), abrir o placar para o Sevilla no clássico local diante do Betis, e ao volante brasileiro Fernando o gol que decidiu o placar no estádio Ramón Sánchez Pizjuán nesta quinta-feira (11).

Na vitória dos donos da casa por 2 a 0, a festa se limitou aos próprios jogadores e comissão técnica do Sevilla, já que o protocolo para retomada do futebol prevê portões fechados. Um vídeo do site do jornal espanhol Marca, divulgado antes da bola rolar, mostra policiais rodeando a parte externa do estádio para evitar a presença de torcedores no perímetro, além de barreiras de proteção e o monitoramento de um helicóptero.

O documento elaborado pela liga recomenda, também, que os jogadores minimizem ao máximo os cumprimentos ao comemorar gols. A orientação não foi exatamente seguida pelos jogadores do Sevilla, que abraçaram Ocampos efusivamente após o atacante balançar as redes aos 10 minutos do segundo tempo. Não foi diferente quando Fernando, na sequência de um passe de calcanhar de Ocampos, desviou para a meta do Betis. Além dos titulares, os atletas reservas, que se aqueciam atrás da linha lateral (respeitando o distanciamento), foram celebrar com o brasileiro. Atletas não relacionados pelo Sevilla, com máscaras e afastados uns dos outros, vibraram isolados na arquibancada.

Uma das novidades do retorno do Campeonato Espanhol foi a liberação de até cinco substituições devido ao longo tempo de inatividade dos atletas. No banco de reservas, os jogadores foram orientados a utilizar máscaras e luvas, com exceção do técnico. A rotatividade no banco foi significativa, já que os dois times fizeram as 10 substituições possíveis na partida. E o Betis ainda faria mais uma se possível, já que, nos minutos finais, o defensor Marc Bartra reclamou de câimbras.

O resultado da única partida desta quinta levou o Sevilla aos 50 pontos, seis atrás do vice-líder Real Madrid e a oito do Barcelona, primeiro colocado – ambos têm um jogo a menos. O Betis, por sua vez, estacionou nos 33 pontos e está em 12º, mas pode cair para 14º lugar na sequência da 28ª rodada. Na sexta-feira (12), dois jogos dão sequência à retomada do Campeonato Espanhol. O Granada (9º) recebe o Getafe (4º) às 14h30 (de Brasília). Já às 17h (de Brasília), Valencia (7º) e Levante (13º) fazem outro clássico local.

Publicado em 11/06/2020 – 21:38 Por Lincoln Chaves – Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional. – São Paulo

São Paulo vai produzir vacina contra o novo coronavírus

0

Vacina deve estar disponível no SUS a partir de junho de 2021.

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou hoje (11) que São Paulo vai produzir uma vacina contra o novo coronavírus. Isso será possível por uma parceria que foi firmada ontem (10) entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac Biotech. A vacina é inativada, ou seja, contém apenas fragmentos do vírus mortos ou com baixa atividade. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19.

“Hoje é um dia histórico para São Paulo e para o Brasil, assim como para a ciência mundial. O Instituto Butantan fechou acordo de tecnologia com a gigante farmacêutica Sinovac Biotech para a produção de vacina contra o coronavírus”, falou João Doria, governador de São Paulo. “Essa vacina do Instituto Butantan é das mais avançadas contra o coronavírus. E estudos indicam que ela estará disponível no primeiro semestre do próximo ano, ou seja, até junho do próximo ano. Com essa vacina poderemos imunizar milhões de brasileiros”, acrescentou.

A vacina, chamada de CoronaVac, está em fase adiantada de testes. Ela já está na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. “Um coronavírus é introduzido em uma célula do tipo Vero. Essa célula é cultivada em laboratório. O vírus se multiplica. No final, o vírus é inativado e incorporado na vacina, que será aplicado na população”, explicou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. O investimento do Instituto Butantan para os estudos nessa fase clínica é de R$ 85 milhões.

Segundo Dimas, há no mundo hoje 136 vacinas contra o novo coronavírus em desenvolvimento, mas apenas dez delas atingiram a etapa de estudos clínicos. Três estão em fases ainda mais adiantadas de testes e a CoronaVac é uma delas.

Fase clínica 

O desenvolvimento de uma vacina é feito em etapas. A primeira delas é a fase laboratorial, onde é feito a avaliação de qual a melhor composição para a vacina. A segunda etapa, chamada de pré-clínica, é a de testes em animais. A terceira etapa é a chamada fase clínica, de testes em humanos.

Essa terceira etapa é dividida em três fases. As fases 1 (inicial, que avalia se a vacina é segura) e 2 (que conta com uma maior quantidade de voluntários e avalia a eficácia do produto) já foram realizadas na China, com sucesso. Agora a vacina está entrando na fase 3, que será realizada no Brasil, com 9 mil voluntários, de todo o país, iniciando por São Paulo. Essa fase, que é um estudo populacional, deve ser começar já no mês de julho. “Dentro de aproximadamente três semanas, 9 mil voluntários estarão sendo testados aqui no Brasil”, disse Doria.

“Na fase inicial [da vacina] foram feitos estudos em macacos. Os resultados foram publicados na revista científica Science. A fase 1 [de testagem clínica] contou com 144 voluntários [chineses] e, a fase 2, com 600 voluntários na China. E a fase 3 será agora feita no Brasil”, explicou Dimas Covas.

Caso os testes feitos com esses 9 mil voluntários, na fase 3, se mostrem positivos, a vacina entrará na etapa de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e então começará a ser produzida em larga escala. A expectativa do Instituto Butantan é de que a vacina poderá estar disponível para a população em junho de 2021. “Comprovada a eficácia e segurança da vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da tecnologia e ela poderá ser produzida em larga escala no Brasil para fornecimento ao SUS [Sistema Único da Saúde] de forma gratuita até junho de 2021”, falou o governador. Então, caso ela seja aprovada, será produzida em larga escala tanto na China quanto no Brasil. O Butantan tem capacidade de produzir 1 milhão de vacinas por dia em sua fábrica de gripes”, disse Covas.

As primeiras pessoas a serem vacinadas no Brasil, segundo Dimas Covas, serão as dos grupos de maior risco, como idosos e/ou com comorbidades, ou seja, doenças pré-existentes.

Sinovac

Por meio de nota em seu site, a Sinovac Biotech informou que os resultados pré-clínicos “promissores sobre o CoronaVac foram publicados recentemente na revista científica Science, em um artigo afirmando que o candidato a vacina é seguro e fornece proteção a macacos rhesus por meio de um estudo de desafio com animais”.

Segundo a farmacêutica, a Sinovac está construindo uma fábrica comercial de produção de vacinas na China, que deverá fabricar até 100 milhões de doses de CoronaVac a cada ano.

“Estamos orgulhosos em participar da luta contra a covid-19 e esperamos trabalhar com o Instituto Butantan para ajudar o povo do Brasil. Por meio dessa parceria, a Sinovac poderá aumentar a velocidade sem precedentes do desenvolvimento da CoronaVac, sem comprometer nossos padrões e procedimentos de segurança”, disse Weidong Yin, presidente da Sinovac.

Edição: Bruna Saniele

Publicado em 11/06/2020 – 15:16 Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

Bolsonaro recria Ministério das Comunicações

0

Deputado federal Fabio Faria vai assumir a pasta.

O presidente Jair Bolsonao anunciou, na noite desta quarta-feira (10), em uma publicação em sua conta do Facebook, que vai recriar o Ministério das Comunicações, a partir de um desmembramento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O deputado federal Fabio Faria (PSD-RN) será o titular da nova pasta. 

Marcos Pontes continuará à frente do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.

Edição: Fábio Massalli

Publicado em 10/06/2020 – 23:32 Por Agência Brasil – Brasília

Vacina brasileira contra covid-19 será testada em animais pela Fiocruz

0

Teste será na fase chamada de estudos pré-clínicos.

Uma vacina contra a covid-19 será testada em seres vivos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). O teste será em modelo animal, fase de desenvolvimento chamada de estudos pré-clínicos. A informação foi divulgada em nota, nesta quarta-feira (10), pela Fiocruz.

“A abordagem do projeto é de uma vacina sintética, com base em peptídeos antigênicos de células B e T – ou seja, com pequenas partes de proteínas do vírus capazes de induzir a produção de anticorpos específicos para defender o organismo contra agentes desconhecidos – neste caso, o Sars-CoV-2

[covid-19]

”, explicou a Fiocruz.

Segundo o instituto, essas biomoléculas, identificadas em modelo computacional (in silico), foram produzidas por síntese química e validadas in vitro. Os peptídeos foram acoplados em nanopartículas, que funcionam como uma forma de “entrega”, para apresentar essas biomoléculas para o sistema imune com melhor imunogenicidade e ativar sua defesa.

“As vantagens da abordagem vacinal sintética são a rapidez no desenvolvimento em comparação às metodologias tradicionais e o não requerimento de instalações de biossegurança nível 3 para as primeiras etapas de desenvolvimento (sendo necessárias somente a partir dos estudos pré-clínicos), bem como o custo reduzido de produção e a estabilidade da vacina para armazenagem”, detalhou a Fiocruz.

A fundação explicou que, na próxima etapa, serão feitas formulações vacinais com essas biomoléculas acopladas em nanopartículas, para avaliação in vivo, onde serão obtidos os primeiros resultados relacionados à imunidade conferida ao novo coronavírus.

“A partir dos resultados dos estudos pré-clínicos, parte-se para a fase dos estudos clínicos de fases I, II e III. De qualquer forma, mesmo em processo acelerado de desenvolvimento tecnológico e, obtendo resultados positivos em todas as etapas futuras, a vacina autóctone de Bio-Manguinhos/Fiocruz não chegará ao registro antes de 2022”, concluiu.

Edição: Nádia Franco

Publicado em 10/06/2020 – 16:42 Por Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro