Medidas
visam a diminuir impacto da covid-19 sobre economia.
Terminar o mês escolhendo quais boletos pagar. Essa virou a rotina de
milhões de brasileiros que passaram a ganhar menos ou perderam a fonte de renda
por causa da pandemia do novo coronavírus. Para reduzir o prejuízo, o governo
adiou e até suspendeu diversos pagamentos esse período. Tributos e obrigações,
como o recolhimento das contribuições para o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS), foram parcelados para depois.
Em alguns casos, também é possível renegociar. Graças a resoluções do
Conselho Monetário Nacional (CMN), os principais bancos estão negociando a
prorrogação de dívidas. Os agricultores e pecuaristas também poderão pedir o
adiamento de parcelas do crédito rural.
Além do governo federal, diversos estados estão tomando ações para adiar o
pagamento de tributos locais e proibir o corte de água, luz e gás de
consumidores inadimplentes. No entanto, consumidores de baixa renda
estão isentos de contas de luz por 150 dias em todo o país. Em alguns
casos, a Justiça tentou agir. No início de abril, liminares da 12ª Vara Cível
Federal em São Paulo proibiram o corte de serviços de telefonia de clientes com
contas em atraso, mas a decisão foi revertida dias depois.
Alguns acordos já expiraram, como o acerto entre Agência Nacional de Saúde
(ANS) e algumas operadoras para que os planos não interrompessem o
atendimento a pacientes inadimplentes até o fim de junho. Outras medidas foram
renovadas, como a proibição de cortes de luz, prorrogada
até o fim de julho pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel).
Pagamentos adiados
Os adiamentos não valem apenas para os consumidores. O Congresso aprovou uma
lei que suspende o pagamento da dívida dos estados com a União de março a
dezembro e autoriza os governos locais a renegociarem débitos com bancos
públicos e organismos internacionais.
Confira as principais medidas temporárias para aliviar o bolso em
tempos de crise:
Empresas
• Adiamento do pagamento da contribuição patronal ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e dos Programas de Integração
Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Os
pagamentos de abril serão quitados em agosto. Os pagamentos de maio, em
outubro. A medida antecipará R$ 80 bilhões para o fluxo de caixa das empresas.
• Adiamento da Declaração de Débitos e Créditos
Tributários Federais (DCTF) do 15º dia útil de abril, maio e junho para o 15º
dia útil de julho.
• Parcelamento, em até 12 vezes, de multas administrativas
aplicadas a fornecedores do governo federal.
• Antecipação de crédito para empresas
fornecedoras da União, de estados e de municípios, com uso de contratos administrativos como
garantia.
• Prorrogação, até 13 de agosto, da validade das
Certidões Negativas de Débitos (CND) e das Certidões Positivas com Efeitos de
Negativa (CPEND). Prorrogadas por 90 dias no fim de março, certidões
tiveram prazo estendido pela segunda vez
por causa da pandemia.
Micro e pequenas empresas
• Adiamento, por seis meses, da parte federal do
Simples Nacional. Os pagamentos de abril, maio e junho passaram para outubro,
novembro e dezembro.
• Adiamento, por três meses, da parte estadual e
municipal do Simples Nacional. Os pagamentos do Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS, pertencente aos estados) do Imposto sobre
Serviços (ISS, dos municípios) de abril, maio e junho passaram para julho,
agosto e setembro.
• Adiamento dos parcelamentos das micro e
pequenas empresas devedoras do Simples Nacional. As parcelas de maio passaram
para agosto, as de junho para outubro, e as de julho para dezembro.
• Empresas com tributos em atraso não serão excluídas do Simples
Nacional em 2020.
Microempreendedores individuais (MEI)
• Adiamento das parcelas por seis meses. Os
pagamentos de abril, maio e junho passaram para outubro, novembro e dezembro. A
medida vale tanto para a parte federal como para parte estadual e municipal
(ICMS e ISS) do programa.
• Adiamento dos parcelamentos das micro e
pequenas empresas devedoras do Simples Nacional. As parcelas de maio passaram
para agosto, as de junho para outubro, e as de julho para dezembro.
• Microempreendedores com tributos em atraso não serão excluídos do Simples Nacional em 2020.
Pessoas físicas
• O cronograma de restituições do Imposto de
Renda, de maio a setembro, está mantido. Prazo da declaração, que acabaria em 30 de
abril, foi adiado por dois meses e acabou no fim de junho.
Empresas e pessoas físicas
• Suspensão, por 180 dias, do Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF) para empréstimos. Imposto deixará de ser cobrado de
abril a outubro, injetando R$ 14 bilhões na economia. Medida acabaria no
fim de junho, mas foi prorrogada por 90 dias.
• Suspensão, até 31 de julho, de procedimentos de
cobrança e de intimação pela Receita Federal. Medida acabaria no fim de junho,
mas foi estendida em um mês.
• Prorrogação das parcelas de renegociações com a Receita Federal e a Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional (PGFN) que venceriam em maio, junho e julho. Vencimento foi
estendido para agosto, outubro e dezembro, respectivamente.
Empresas e empregadores domésticos
• Suspensão das contribuições para o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por três meses, inclusive para empregadores
domésticos. Valores de abril a junho serão pagos de julho a dezembro, em seis
parcelas, sem multas ou encargos.
Compra de materiais médicos
• Redução a zero das alíquotas de importação para
produtos de uso médico-hospitalar
• Desoneração temporária de Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) para bens necessários ao combate ao Covid-19
Contas de luz
• Proibição de cortes de energia de consumidores
inadimplentes até 31 de julho. Medida acabaria no fim de junho, mas foi
estendida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para famílias de
baixa renda, proibição foi prorrogada até 31 de dezembro.
• Consumidores de baixa renda, que gastam até 220
quilowatts-hora (kWh) por mês, estarão isentos de pagarem a conta de energia até o fim de agosto. Medida acabaria
no fim de junho, mas foi prorrogada por 60 dias. O valor que as
distribuidoras deixarão de receber será coberto com R$ 1,5 bilhão de subsídio
da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Contas de telefone
• Apesar de liminar da Justiça Federal em São
Paulo ter proibido o corte de serviço de clientes com contas em
atraso, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) recorreu e conseguiu reverter a decisão. Os clientes de telefonia continuarão a
ter a linha cortada caso deixem de pagar as contas. Segundo o presidente do
Tribunal Regional Federal da 3ª Região, desembargador Mairan Maia, as
operadoras precisam de recursos para manterem a infraestrutura e financiarem a
crescente demanda por serviços de telecomunicação durante a pandemia”, afirmou,
no texto.
Dívidas em bancos
• Autorizados por uma resolução do Conselho
Monetário Nacional (CMN), os cinco principais bancos do país – Banco do
Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander – abriram
renegociações para prorrogarem vencimentos de dívidas por até 60 dias.
• Renegociação não vale para cheque especial e
cartão de crédito.
• Clientes precisam estar atentos para juros e
multas. Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), é
preciso verificar se o banco está propondo uma pausa no contrato, sem cobrança
de juros durante a suspensão, ter cuidado com o acúmulo de parcelas vencidas e
a vencer e perguntar se haverá impacto na pontuação de crédito do cliente.
Financiamentos imobiliários da Caixa
• Caixa Econômica Federal ampliou, de
120 para 180 dias, a pausa nos contratos de financiamento
habitacional para clientes adimplentes ou com até duas parcelas em atraso,
incluindo os contratos em obra. Quem tinha pedido prazo menor de prorrogação
precisa entrar em contato com o banco.
• Clientes que usam o FGTS para pagar parte das
parcelas do financiamento poderão pedir a suspensão do pagamento da parte da
prestação não coberta pelo fundo por 180 dias.
• Clientes adimplentes ou com até duas prestações
em atraso podem pedir a redução do valor da parcela por 180 dias.
• Carência de 180 dias para contratos de
financiamento de imóveis novos.
Crédito consignado
• Trabalhadores da iniciativa privada com
suspensão de contrato, redução temporária de salário ou com contaminação por
covid-19 poderão pedir carência (suspensão do desconto em folha) do
consignado por até 90 dias.
• Servidores públicos com contaminação comprovada
por covid-19 poderão pedir carência de 90 dias.
Fies
• Congresso aprovou suspensão de pagamentos do
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) até o fim do ano. Primeira versão da lei sobre o tema,
sancionada em maio, isentava os financiamentos apenas durante a pandemia.
Produtores rurais
• CMN autorizou a renegociação e a prorrogação de pagamento de crédito rural para
produtores afetados por secas e pela pandemia de coronavírus. Bancos podem
adiar, para 15 de agosto, o vencimento das parcelas de crédito rural, de
custeio e investimento, vencidas desde 1º de janeiro ou a vencer.
Financiamentos do BNDES
• BNDES autorizou suspensão de pagamento de
parcelas de financiamentos com a instituição por até seis meses, beneficiando
cerca de 28,5 mil empresas que deixarão de pagar R$ 12 bilhões.
Inscritos na Dívida Ativa da União
• Devedores impactados pela pandemia podem
pedir parcelamento especial de dívidas com a União. Adesão vai
até 31 de dezembro.
• Suspensão, até 31 de julho, de procedimentos de
cobrança e de intimação pela PGFN. Medida acabaria no fim de junho, mas foi estendida em um mês.
Estados devedores da União
• Congresso aprovou suspensão dos débitos dos estados com o governo federal e
com bancos públicos de março a dezembro. A medida injetará R$ 35 bilhões nos
cofres estaduais para enfrentarem a pandemia.
• A nova lei também autoriza a renegociação de
débitos dos estados e dos municípios com bancos públicos e organismos
internacionais, deixando de pagar R$ 24 bilhões.
* Matéria atualizada às 20h49 de 27 de julho para incluir
informações sobre manutenção no Simples Nacional de microempreendedores,
microempresas e empresas de pequeno porte com tributos em atraso.
Edição: Pedro Ivo de Oliveira
Publicado em 08/07/2020 – 06:05 Por Wellton
Máximo – Repórter da Agência Brasil* – Brasília
Atualizado em 27/07/2020 – 20:49