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Procon-SP notifica Albert Einstein por erro em testes de covid-19

Bragantino teve jogadores equivocadamente diagnosticados com a doença.

A Fundação Procon de São Paulo informou nesta quarta-feira (5) que, na terça-feira (4), notificou o Hospital Albert Einstein sobre resultados de testes de PCR para o novo coronavírus (covid-19) realizados em jogadores e membros da comissão técnica do Red Bull Bragantino, no último dia 27 de julho. Erroneamente, 23 dos exames deram positivo.

O resultado correto, com 100% dos casos negativos, só foi confirmado após dois dias,  e poucas horas antes do jogo contra o Corinthians, pelas quartas de final do Campeonato Paulista. No intervalo entre os exames, o time de Bragança Paulista (SP) chegou a levar os jogadores a outros dois laboratórios para realizarem novos testes. Todos testaram negativo.

Segundo o hospital, em nota assinada em conjunto com Federação Paulista de Futebol (FPF) e o próprio Bragantino, foram identificados dois lotes de reagentes importados (primers) com instabilidade de funcionamento, “provavelmente os responsáveis pela divergência”. Ainda de acordo com o comunicado, “a fabricante, uma empresa internacional, foi imediatamente notificada sobre a ocorrência e os lotes com desempenho atípico foram retirados da rotina de exames do laboratório”.

O texto ainda informa que o hospital reprocessou os lotes de testes feitos com os primers, identificando “44 divergências adicionais” e comunicando o resultado aos pacientes. Por fim, a nota diz que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi comunicada da ocorrência.

À Agência Brasil, a assessoria de imprensa do hospital confirmou o recebimento da notificação e disse que responderá à fundação “no prazo previsto”. O Procon aguarda uma posição em até 72 horas e questiona:

– qual a empresa responsável pela elaboração e aplicação dos referidos testes;

– o motivo que levou ao diagnóstico equivocado;

– se há probabilidade de ocorrerem novos erros em diagnósticos decorrentes destes testes;

– os tipos de testes para detecção de coronavírus disponíveis no hospital;

– se, além do registro na Anvisa, os testes foram avaliados no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) ou entidade equiparada;

– se os testes foram submetidos a algum outro mecanismo de controle de segurança, qualidade e eficácia;

– os critérios utilizados para a seleção e escolha dos testes que serão ofertados em detrimento de outros;

– a origem dos reagentes utilizados para os testes;

– as medidas adotadas pelo hospital diante da divergência encontrada;

– quantos pacientes efetuaram testes com a utilização do reagente que apresentou divergência;

– as providências tomadas quanto aos usuários dos reagentes que podem ter recebido resultados incorretos;

– se, além dos problemas com os reagentes utilizados, outros fatores podem causar divergências nos resultados.

O Einstein é quem tem conduzido os testes da covid-19 dos participantes do Campeonato Paulista desde a retomada da competição. A FPF anunciou que antes do segundo jogo da final do Estadual, entre Palmeiras e Corinthians, no sábado (8), às 16h30 (de Brasília), atletas e comissões técnicas de ambas as equipes realizarão novos exames no hospital.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues

Publicado em 05/08/2020 – 15:38 Por Lincoln Chaves – Repórter da TV Brasil e Rádio Nacional – São Paulo

Geladeira e fogão podem ficar mais baratos com IPI menor, diz Guedes

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Ministro afirma que medida ajudará população de renda mais baixa.

A proposta de reduzir a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre itens da linha branca barateará produtos como geladeira e fogão, disse hoje (5) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em audiência na Comissão Mista da Reforma Tributária, ele afirmou que a proposta beneficia a população de menor renda e pode ser bancada com um eventual tributo sobre pagamentos eletrônicos.

“Muitos preços vão até cair, quando nós abordamos nossa reforma [da equipe econômica] como um todo. Os senhores vão ver que [a reforma] envolve queda de IPI, sim. Para melhorar o poder aquisitivo das classes mais baixas. Então vai ter fogão caindo 10% de preço. De repente, geladeira caindo de preço também. Quer dizer, vamos derrubar alguns impostos importantes”, declarou Guedes.

Guedes não apresentou cálculos. A desoneração parcial do IPI para produtos da linha branca tem como objetivo reduzir a resistência do Congresso Nacional ao novo tributo sobre transações eletrônicas. O ministro negou que o novo tributo, que consta do texto entregue pelo governo e que será apensado às propostas de emenda à Constituição que tramitam na comissão mista, represente a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Até agora, o governo enviou ao Congresso apenas a fusão do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) na Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), com alíquota única de 12%. A parcela da reforma referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) deve ser enviada ao Congresso até o fim do mês.

Imposto seletivo

Há duas semanas, o secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, informou que a equipe econômica pretendia transformar o IPI num imposto seletivo, que incidiria apenas sobre produtos que gerassem consequências negativas sobre a saúde pública, como cigarros, bebidas e alimentos à base de açúcar. Os demais produtos teriam a alíquota reduzida ou passariam a ser isentos.

Outras etapas da reforma tributária preveem a mudança no Imposto de Renda das pessoas físicas e das empresas, com o retorno da cobrança sobre dividendos (extinta desde 1995), a diminuição dos encargos sobre a folha de pagamento das empresas e a criação de um imposto sobre transações eletrônicas.

Simplificação

Guedes reiterou que a equipe econômica não pretende elevar a carga tributária, atualmente em torno de 33% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos). Segundo o ministro, o governo quer simplificar o sistema tributário, unificando até 20 impostos em apenas um.

Na audiência de hoje, Guedes disse que a ampliação de programas sociais pode compensar diversas medidas da reforma tributária, como o fim da isenção de PIS/Cofins sobre livros e o eventual imposto sobre pagamentos eletrônicos.

Edição: Nádia Franco

Publicado em 05/08/2020 – 17:12 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Mais cinco centros no Brasil iniciam testes com vacina chinesa

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Ao todo, 12 núcleos foram selecionados para a realização de testes.

Mais cinco centros de pesquisa do país vão dar início ainda esta semana a testes com a vacina chinesa CoronaVac, da farmacêutica Sinovac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan.

Hoje (5), as vacinas começaram a ser aplicadas em profissionais da saúde na Universidade de Brasília (UnB) e, amanhã (6), no Hospital das Clínicas na Unicamp, em Campinas (SP). Na sexta-feira (7), os testes serão no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba; e na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP). No sábado (8), será vez do Hospital São Lucas, da PUC do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Até o momento, já há cinco centros de pesquisa em operação para os testes. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) foi o primeiro a aplicar a CoronaVac, no dia 21 de julho. Na quinta-feira (30) e na sexta-feira (31), os testes começaram no Instituto de Infectologia Emílio Ribas; na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP); na Universidade Municipal de São Caetano do Sul; e no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Ao todo, 12 núcleos científicos foram selecionados para a realização da terceira e última fase de ensaios clínicos do imunizante. O cronograma para início da aplicação das vacinas nos dois últimos centros – o Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro – deverão ser  anunciados em breve.

Os testes com a CoronaVac serão realizados em nove mil voluntários. Apenas profissionais da saúde que ainda não tiveram a doença e que atuam com pacientes com a covid-19 poderão participar dos testes. Para atender aos critérios, esses profissionais da saúde não poderão ter outras doenças e nem estarem em fase de testes para outras vacinas. As voluntárias mulheres também não poderão estar grávidas.

A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias. Caso seja comprovado o sucesso da vacina, ela começará a ser produzida pelo Instituto Butantan.

Vacina

A CoronaVac é uma das vacinas contra o novo coronavírus (covid-19) em fase mais adiantada de testes. Ela já está na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. O laboratório chinês já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus.

A vacina é inativada, ou seja, contém apenas fragmentos do vírus inativos. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19. No teste, metade das pessoas receberão a vacina e metade receberá placebo, substância inócua. Os voluntários não saberão que vacina receberão.

Edição: Fernando Fraga

Publicado em 05/08/2020 – 15:17 Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

Secretário adianta pontos da estratégia de vacinação para covid-19

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Prioridade será para idosos, pessoas com comorbidades e área de saúde.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia, adiantou nesta quarta-feira (5) a preparação está sendo feita para a estratégia nacional de imunização de brasileiros quando a vacina contra a covid-19 estiver disponível no país. O assunto foi discutido na Comissão Externa da Câmara dos Deputados destinada a acompanhar o enfrentamento à pandemia.

Segundo Correia, está sendo feito o mesmo cálculo usado para a vacina contra influenza, cerca de 100 milhões de doses no país. O secretário disse que, tendo em vista as taxas de letalidade desse grupo, idosos e pessoas com comorbidades, como cardiopatia e obesidade, estarão entre os primeiros a receber a vacina. Também estarão no grupo prioritário os profissionais de saúde.

As primeiras 30,4 milhões de doses vão chegar em dois lotes: metade, 15,2 milhões, em dezembro e a mesma quantidade em janeiro. “Com o avanço da ciência, acreditamos que, em dezembro, talvez, já passemos o ano novo de 2021 com pelo menos 15,2 milhões brasileiros vacinados para covid-19 e possamos juntos construir essa nova história da saúde pública do nosso país”, disse Arnaldo Correia.

Além desses dois lotes, mais 70 milhões de unidades da vacina serão disponibilizadas gradativamente, a partir de março de 2021. O medicamento está sendo desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca, em conjunto com a Universidade de Oxford, e já se encontra em fase de testes clínicos em vários países, incluindo o Brasil.

Um acordo entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a biofarmacêutica prevê que, antes do término dos ensaios clínicos, o que representaria 15% do quantitativo necessário para a população brasileira, ao custo de US$ 127 milhões. A negociação garante total domínio tecnológico para que Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz produtora de imunobiológicos, tenha condições de produzir a vacina de forma independente.

Estrutura

Para acelerar a produção, será utilizada a estrutura de envasamento e rotulagem já disponível na produção da vacina contra a febre amarela no país. Cada frasco terá cinco doses, segundo representes da Fiocruz.

Pelo acordo, a vacina de Oxford produzida no Brasil será distribuída apenas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e para agências das Nações Unidas. Está em discussão a possibilidade de distribuição para outros países da América Latina.

Compras

Ainda segundo o secretário de Vigilância em Saúde, neste momento, priorizando fornecedores nacionais, o Ministério da Saúde já está preparando a aquisição de seringas, agulhas e o planejamento para a distribuição da vacina no país. Também está em levantamento do pessoal disponível para aplicar a vacina e a capacidade da chamada “rede de frios”, que são os equipamentos de estados e municípios em condições de estocar as doses nos 37 mil postos de vacinação do país.

Questionado sobre a logística de distribuição de doses, Arnaldo Correia disse que, depois da liberação, leva entre 15 e 20 dias. Ele lembrou que cabe ao Ministério da Saúde distribuir para os estados e a estes aos municípios.

Sobre um cronograma de liberação da vacina, o diretor do Instituto Bio-Manguinhos da Fiocruz, Maurício Zuma, preferiu a cautela. “Tem um grau de incerteza em relação a isso, por isso, a gente está sendo bastante cauteloso. Nosso compromisso é buscar a confirmação desses cronogramas para poder passar para o Ministério da Saúde a para Comissão [externa da Câmara que acompanha ações contra a pandemia do novo coronavírus] qual é nossa expectativa concreta de produzir e liberar as doses da vacina”, ponderou.

Edição: Nádia Franco

Publicado em 05/08/2020 – 13:57 Por Karine Melo – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Índice de jovens com covid-19 no mundo triplica em 5 meses, diz OMS

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Parcela infectada, na faixa de 15 a 24 anos, subiu de 4,5% para 15%.

Jovens que estão frequentando casas noturnas e praias lideram o aumento de casos do novo coronavírus em todo o mundo, com o percentual de pessoas entre 15 e 24 anos infectadas crescendo três vezes em cerca de cinco meses, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A análise da OMS, que abrange 6 milhões de infecções entre 24 de fevereiro e 12 de julho, constatou que a parcela de pessoas com idade entre 15 e 24 anos subiu de 4,5% para 15%.

Além dos Estados Unidos, que lideram uma contagem mundial com 4,8 milhões de casos no total, países europeus, incluindo Espanha, Alemanha e França, e países asiáticos, como o Japão, disseram que muitos dos recém-infectados são jovens.

“As pessoas mais jovens tendem a ser menos vigilantes quanto ao uso de máscaras e ao distanciamento social”, disse à Reuters Neysa Ernst, gerente de enfermagem da unidade de biocontenção do Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, Maryland.

“Saídas aumentam as chances de pegar e espalhar a covid-19”, afirmou, acrescentando que os jovens têm mais probabilidade de sair para trabalhar, ir à praia, frequentar bares e comprar mantimentos.

O aumento de novos casos, a chamada segunda onda de infecções, levou alguns países a impor novas restrições à circulação de pessoas, mesmo com empresas se esforçando para encontrar uma vacina para o vírus que se espalha rapidamente e que já matou mais de 680 mil pessoas.

Até países como o Vietnã, amplamente elogiado por seus esforços de mitigação desde o surgimento do novo coronavírus no fim de janeiro, estão lutando contra novos focos de infecção.

Segundo a OMS, entre os infectados, cerca de 4,6% tinham entre 5 e 14 anos, contra 0,8% entre 24 de fevereiro e 12 de julho, no momento em que os testes aumentaram e os especialistas em saúde pública estão preocupados com a possibilidade de que a reabertura das escolas leve a um aumento dos casos.

Anthony Fauci, principal especialista dos Estados Unidos em doenças infecciosas, pediu aos jovens no mês passado que continuem a cumprir distanciamento social, usem máscaras e evitem multidões, e alertou que pessoas assintomáticas também podem espalhar o vírus.

Especialistas de vários países pediram medidas semelhantes, ao observar que jovens infectados apresentam poucos sintomas. “Já dissemos isso antes e diremos novamente: os jovens não são invencíveis”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em entrevista coletiva em Genebra na semana passada. “Os jovens podem ser infectados, os jovens podem morrer e os jovens podem transmitir o vírus a outras pessoas.”

Publicado em 05/08/2020 – 05:56 Por Ankur Banerjee e Stephanie Nebehay – Repórteres da Reuters – Genebra

Universidade de Brasília e HUB iniciam teste de vacina contra covid-19

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Apenas profissionais de saúde podem participar do estudo.

Começa a ser testada hoje (5) pela Universidade de Brasília (UnB) e pelo Hospital Universitário de Brasília (HUB) a vacina contra o novo coronavírus (covid-19), desenvolvida pela farmacêutica Sinovac Biotech. 

Os primeiros que vão participar do estudo-teste são cinco profissionais da saúde que atuam no atendimento de infectados, mas não tiveram ainda a doença.

A vacina que eles receberão é inativada e será aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias. De acordo com a UnB e o HUB, os resultados apresentados na fase 2 de desenvolvimento “foram considerados promissores e demonstraram a produção de anticorpos neutralizantes em 90% dos participantes que receberam a imunização”.

O HUB é um dos 12 centros no Brasil que participam da fase 3 do ensaio clínico nacional, coordenado pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Infraestrutura de acolhimento

A equipe multiprofissional que desenvolve a pesquisa é integrada por 25 pessoas e acompanhará 850 voluntários. Para isso, o HUB preparou uma infraestrutura de acolhimento para que o projeto seja desenvolvido “seguindo rigorosamente as normas nacionais e internacionais de boas práticas em pesquisa clínica”.

Segundo a UnB, apenas profissionais de saúde podem se candidatar a participar do estudo. No entanto, ressalta que, para isso, é necessário que os candidatos cumpram alguns critérios. 

Entre eles, o de trabalhar em serviço de saúde atendendo pessoas com covid-19; ser maior de 18 anos; não ter sofrido infecção assintomática ou a doença causada pelo novo coronavírus; apresentar condição de saúde normal; e ter disponibilidade para realizar o acompanhamento periódico por um ano após a vacinação.

“Os profissionais de saúde interessados em participar da pesquisa poderão ter informações sobre os critérios de inclusão e a forma de registrar o interesse em participar por meio de uma página na internet, cujo endereço será disponibilizado nos próximos dias. O HUB não faz cadastro de candidatos”, informou, por meio de nota, a Universidade de Brasília.  

Edição: Kleber Sampaio

Publicado em 05/08/2020 – 08:29 Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Auxiliares de limpeza contam sua rotina em hospital durante pandemia

“Sempre que faço uma desinfecção, penso que podia ser um parente”

Maria Berenice da Silva tem 39 anos e em 12 deles trabalha como auxiliar de limpeza hospitalar no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), em Vila Isabel, na zona norte do Rio. Em toda a sua vida profissional sempre procurou fazer o serviço pensando que a pessoa atendida podia ser de sua família. Ficar na linha de frente no combate à pandemia de covid-19 significou ver de perto o sofrimento das pessoas, e aí o cuidado com a limpeza aumentou.

“Já lidei com CTI pediátrico de emergência, CTI coronariano, CTI adulto, mas nunca passei por essa situação de um vírus invisível fazer tudo que fez em pouco tempo. Por mais que a gente tome cuidado de fazer o procedimento normal, agora dobrou com relação à atenção”, disse Maria Berenice em entrevista à Agência Brasil. “Sempre que estou fazendo uma desinfecção, penso que poderia ser um familiar meu”.

A auxiliar de limpeza contou que no começo da pandemia, a situação foi muito tensa. Atualmente, até ficou um pouco mais calma com a redução dos casos, mas, ainda assim, tudo inspira cuidado. “Agora deu uma acalmada, a situação amenizou, mas no começo da pandemia foi tudo muito difícil. Um serviço muito cauteloso e com muito cuidado que fazemos. É paciente que entra, paciente que sai. Os profissionais da saúde também estão com a gente”.

O drama dos pacientes e das famílias que passou a assistir ao acompanhar quadros no hospital chegou bem perto. Em maio, depois de três dias sem paladar, sem olfato, com febre e falta de ar, fez o teste e deu positivo. Maria Berenice ficou 18 dias afastada do trabalho. “Tudo muito novo, você se põe no lugar da pessoa que estava ali hospitalizada e teve que passar pelo processo de intubação. Graças a Deus não passei por isso, mas tive todos os sintomas”, afirmou.

“Teve um fim de semana em que passei tão mal que achei que naquele dia não voltaria mais. Dor no corpo, dor no pulmão, queria respirar, fiquei com o rosto de frente para o ventilador, com falta de ar. Foi um desespero”.

A profissional não ficou internada em hospital, mas precisou fazer isolamento em casa, período que passou na companhia dos filhos Gabriel, de 22 anos, e David Juan, de 20 anos. Se pôde ficar ao lado deles, isso trouxe também muita preocupação de que fossem infectados. “Sempre pedia que não ficassem muito próximos a mim, porque o medo era contaminar meus filhos. Evitei qualquer tipo de aproximação com colegas, porque perdi várias pessoas conhecidas também e foi tudo muito complicado. Até você entender que tudo aquilo que estava acontecendo chegou até você também e se colocar novamente no lugar das outras pessoas, é muito difícil”, revelou. 

Outro momento difícil foi ver o olhar de medo do filho Gabriel de perder a mãe. “Eu chorava horrores quando meu filho saía de perto de mim. Eu vi o medo dele de me perder naquele momento. As pessoas conhecidas que a gente perdeu eram pai, mãe e colegas dele. Quando aconteceu na minha casa, eles ficaram muito assustados. Os meus filhos ficaram praticamente isolados comigo. Evitaram ir para a rua. Eles são jovens, mas o medo que tinham era o de perder a mãe. Quando testei positivo, o desespero foi maior”, contou.

Aglomeração

Quem teve a doença, sente muita tristeza ao ver tantas pessoas que não dão a devida importância ao novo coronavírus se aglomerar nas ruas, não usar máscara, nem álcool em gel e não pensar no próximo. “É um sentimento de tristeza e, ao mesmo tempo, de perceber que não valorizam o nosso trabalho. Muitos não estão ligando, porque acham que isso não acontece dentro da sua casa. Esse sentimento a gente tem porque enquanto está ali se dedicando, tem gente lá fora não dando a mínima. Até que acontece dentro de casa, para entender que esse vírus não é brincadeira. Foi preciso perder a pessoa do seu lado para saber o quanto é séria a situação”, observou.

Vacina

Maria Berenice, que há mais de uma década está acostumada a higienizar unidades de terapia intensiva de diversas especialidades, espera o surgimento de uma vacina contra a covid-19, com a certeza de que, a partir da pandemia, a vida não será mais a mesma para ninguém. As medidas de proteção vão ter de continuar, ainda que a contaminação tenha diminuído. “Esse nosso costume de usar máscara e álcool em gel vai ficar para sempre. A vacina pode ser positiva, mas antes da vacina não acredito muito não”.

Alívio

Para Fabiano Paulino de Souza Nunes, de 44 anos, colega de Maria Berenice há dois anos e seis meses, foi radical a mudança no trabalho antes e após o surgimento da pandemia. Embora não tenha se infectado, apesar de terem aparecido alguns sintomas, como febre, dor de cabeça e tosse, o sentimento de estar diante de uma doença desconhecida causa temor, principalmente porque mora com a mulher Carla e os três filhos, João Vitor de 17 anos, Kauan, de 13, e Rebeca, de 6 anos. “Quando veio o resultado foi um alívio. Ninguém quer pegar isso na verdade. Ninguém sabe o que pode acontecer, como a doença se comporta no nosso corpo”, afirmou.

Fabiano lembrou que a sua categoria é essencial, como os médicos e enfermeiros, no combate ao novo coronavírus. O trabalho, que já era conjunto, se transformou em união desses profissionais. “Sentimento agora de total união, temos que estar mais próximos. Tanto médicos, quanto enfermeiros, a gente da limpeza é que entra primeiro quando ocorre algum óbito. A gente está diretamente junto”.

Mortes

De acordo com o auxiliar de limpeza, é muito difícil acompanhar a evolução de um paciente que não resiste ao vírus e morre. “Quando a gente vê um paciente morrendo, pensa logo nos nossos familiares, nossos amigos e no próximo. É muito difícil. É choque para nós. A verdade é que a gente faz de tudo para salvar essas vidas. Tem que fazer a higienização total do ambiente”.

Empresa

A empresa de limpeza hospitalar Mais Verde, em que Maria Berenice e Fabiano são contratados, informou que o trabalho diário é acompanhado por supervisores que organizam as tarefas, tiram dúvidas e conversam com os auxiliares sobre os procedimentos que devem ser seguidos e sobre suas demandas pessoais. Os profissionais também têm equipamentos de proteção e a assistência diária de um técnico de segurança do trabalho e de um enfermeiro especializado em desinfecção hospitalar, que também acompanha o quadro de saúde dos funcionários.

“Os funcionários seguem as diretrizes de ação da Coordenadoria de Controle de Infecção Hospitalar do próprio hospital, que determinam como a limpeza deve ser feita, os produtos a serem usados, entre outros aspectos”, completou a empresa.

Com o início da pandemia, os profissionais fizeram treinamento específico para o trabalho na linha de frente. “Tivemos que reforçar o uso de EPI, os cuidados com os uniformes, o protocolo a seguir quando chegam e quando saem do hospital. Antes da pandemia, por exemplo, o uso do capote não era obrigatório para todos os funcionários em todos os setores do hospital, e agora passou a ser”, explicou.

No caso de empregados infectados, a orientação, após a avaliação da médica que faz o atendimento inicial, dependendo da gravidade, é ficar em casa. O afastamento dos profissionais levou a empresa a fazer remanejamento de equipes reservas e providenciar novas contratações. “Tivemos casos de pessoas que desistiram do trabalho ao saber que atuariam em hospitais, pelo receio de se contaminar, completou a empresa que tem cerca de 370 funcionários no Hupe e em outras unidades de saúde do Rio.

Recomendações

O conselheiro Técnico da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), Alessandro Fernandes Araújo, disse que a entidade recomendou ao setor as normas que deveriam ser seguidas pela categoria, uma delas com relação aos equipamentos de proteção que devem ser usados. “O mais importante neste momento não é só a paramentação, mas também a desparamentação, que é tirar o uniforme. Isso pode ter um risco maior de contaminação das pessoas. Por isso, intensificar treinamento é uma parte importante”, disse, destacando que a pandemia causou surpresa e todos os processos de segurança dos profissionais foram intensificados conforme os padrões da Organização Mundial da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Araújo acrescentou que todos os profissionais foram orientados a informar quando notassem alguma possibilidade de contaminação. “Hoje, estamos cada vez mais especialistas em higienização, em desinfecção. Isso vai ficar pós-pandemia”, completou.

A Abralimp informou que é a única entidade que representa toda a cadeia produtiva do setor de limpeza profissional, formada por fabricantes e distribuidores de máquinas, equipamentos, químicos, descartáveis e EPI, além dos prestadores de serviços especializados de limpeza profissional.

A associação tem mais de 230 associados e representatividade nacional. O mercado de limpeza profissional movimenta atualmente mais de R$ 18 bilhões ao ano e gera mais de 760 mil empregos.

Edição: Graça Adjuto

Publicado em 05/08/2020 – 06:34 Por Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro