quinta-feira, dezembro 4, 2025
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Aneel reajusta valor da bandeira tarifária vermelha 2

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Reajuste de 52% será pago a partir de julho

A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, hoje (29), em Brasília, o índice de reajuste do valor da bandeira tarifária a ser pago pelos consumidores na conta de luz a partir de julho.

Com isso, o custo da bandeira vermelha 2, o mais alto do sistema, aumenta de R$ 6,24 para R$ 9,49 para cada 100 kwh (quilowatt-hora) consumidos – um reajuste de 52% sobre o valor que já vinha sendo cobrado desde junho e que a agência prevê que siga em vigor até pelo menos novembro, devido ao baixo índice de chuvas em boa parte do país e a consequente queda do nível dos reservatórios hídricos.

A diretoria da agência também decidiu os novos valores para as outras bandeiras. A amarela será de R$ 1,874 a cada 100 kWh e a vermelha patamar 1, de R$ 3,971 a cada 100 kWh. A bandeira verde, que indica boas condições de geração de energia, é gratuita desde a adoção do sistema, em 2015.

O índice de reajuste aprovado foi defendido pelo diretor-geral da Aneel, André Pepitone, para quem o nível de reajuste das tarifas não configura um aumento imprevisto para os consumidores.

“A questão da bandeira é, acima de tudo, uma ferramenta de transparência, pois, sinaliza, mês a mês, as condições de geração [energética] no país. [Condições estas] que refletem os custos cobrados. Não existe, portanto, um novo custo. É um sinal de preços que mostra ao consumidor o custo real da geração no momento em que ela ocorre. Dando, inclusive, oportunidade do consumidor de se preparar e adaptar o seu consumo, fazendo um uso mais consciente da energia”, disse Pepitone, afirmando que o país enfrenta uma “crise hídrica que se reflete no setor elétrico”, obrigando o acionamento de usinas térmicas, mais caras.

Participação pública

Por sugestão do diretor Sandoval de Araújo Feitosa Neto, a Aneel ainda vai discutir a realização de uma audiência pública para, nas palavras de Neto, “trazer à luz o cenário que estamos vivenciando”. Segundo ele, simulações técnicas demonstram que o país está em meio a um “cenário hidrológico excepcional” que exige “um tratamento extraordinário das bandeiras tarifárias” a fim de evitar prejuízos ao sistema.

“Há grande probabilidade de termos, no segundo semestre, cenários mais críticos do que o histórico até aqui conhecido”, declarou Neto, admitindo que, para zerar o risco de déficit projetado, seria necessário elevar ainda mais o valor do patamar 2 da bandeira vermelha.

“Mantido o nível de cobertura da bandeira vermelha, patamar 2, é bastante provável que haja déficit de arrecadação, ou seja, que os custos superem as receitas geradas pelo mecanismo”, acrescentou. “Se nada for feito e a bandeira permanecer com os resultados da metodologia [aplicada nos estudos], teríamos, de julho a dezembro, um déficit de aproximadamente de R$ 5 bilhões na conta-bandeira, com uma probabilidade acima de 78% de ser, de fato, acima de R$ 2 bilhões.”

De acordo com o diretor-geral da agência, André Pepitone, em abril o déficit chegava a R$ 1,5 bilhões. “Em boa parte do ano de 2020, houve um superavit de R$ 1,5 bi. Isto se degradou a partir de setembro/outubro, quando este superavit virou déficit”, comentou Pepitone, prevendo que o déficit tende a aumentar a partir de julho.

*Matéria alterada às 14h52 para acréscimo de informações

Edição: Kleber Sampaio

Publicado em 29/06/2021 – 13:32 Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília

BNDES abre hoje inscrições para o Prêmio de Dados Abertos

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Inscrições ficam abertas até o dia 1º de agosto

Foram abertas hoje (29) inscrições para o Prêmio de Dados Abertos para o Desenvolvimento, criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o objetivo de estimular o uso de seu Portal de Dados Abertos e fomentar soluções que ampliem a transparência da atuação da instituição.

As inscrições ficam abertas até 1º de agosto no endereço do concurso. As três melhores soluções, tanto desenvolvidas por uma única pessoa, como por uma equipe, receberão um total de R$ 30 mil, sendo R$ 15 mil para o primeiro colocado, R$ 10 mil para o segundo e R$ 5 mil para o terceiro.

A competição será realizada remotamente, no formato de uma maratona de dados, em que os analistas procuram desenvolver soluções, infográficos, narrativas e novos olhares a partir de um grande volume de dados disponível, informou a assessoria de imprensa.

Os trabalhos concorrentes devem se enquadrar na categoria Data Science: desenvolvimento de análises com base no tratamento dos dados abertos, e a solução deve utilizar pelo menos uma base de dados do Portal de Dados Abertos do BNDES, podendo adicionar bases externas.

Tema

O tema é livre, desde que tenha relação com a instituição. Poderão ser usadas diferentes tecnologias pelos competidores, mas o desenvolvimento das soluções será preferencialmente em ferramenta de código aberto.

A assessoria informou ainda que as soluções devem ter como meta facilitar o acompanhamento das ações pelo cidadão, dando-lhes maior transparência e boa governança, além de apresentar ideias inovadoras que possam ser utilizadas pela instituição para gerar maior efetividade à sua missão de banco de desenvolvimento econômico e social.

De acordo com o regulamento, a fase de desenvolvimento e submissão dos trabalhos ocorrerá de forma remota, entre os dias 7 e 31 de agosto, com apoio de plataforma específica que será disponibilizada na página do prêmio na internet.

Os trabalhos serão avaliados por uma comissão julgadora composta de membros do banco e convidados externos. A divulgação dos vencedores está prevista para o dia 20 de setembro. 

Edição: Maria Claudia

Publicado em 29/06/2021 – 13:36 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Eurocopa: Autoridade da UE questiona semifinais e final em Londres

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Reino Unido enfrenta disparada de casos da variante Delta da covid-19

 A Uefa precisa analisar “muito cuidadosamente” se as semifinais e a final da Eurocopa deveriam mesmo ser realizadas no Reino Unido, que está enfrentando uma disparada de infecções de covid-19, disse uma autoridade graduada da União Europeia nesta terça-feira (29).

O estádio de Wembley, em Londres, deve sediar as semifinais em 6 e 7 de julho e a final no dia 11 de julho com mais de 60 mil torcedores – 75% de sua capacidade – no momento em que a altamente transmissível variante Delta do novo coronavírus provoca um pico de infecções.

“Haverá muitas pessoas, e a ideia de um estádio cheio no momento [em que] estamos tão preocupados por a variante Delta estar tão presente por si só manda a mensagem de que a Uefa precisa analisar muito cuidadosamente”, disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, em uma coletiva de imprensa.

Schinas, que supervisiona as políticas de saúde pública do bloco, disse haver uma “assimetria” a ser levada em conta, já que o Reino Unido está impondo restrições a viagens de seus cidadãos à UE enquanto se prepara para aceitar uma “presença maciça” de visitantes da mesma UE.

Todos os portadores de ingressos terão que ter ou um exame negativo de covid-19 ou prova de vacinação completa. Não ficou claro se o Reino Unido amenizará as restrições, na maioria dos casos uma exigência de dez dias de quarentena, aos torcedores visitantes.

“Acho que estas considerações objetivas deveriam fazer a Uefa analisar muito cuidadosamente a situação das semifinais e da final”, disse Schinas.

Publicado em 29/06/2021 – 14:23 Por Philip Blenkinsop – Bruxelas

A 16ª Olímpiada de Matemática aplica provas até 3 de agosto

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A aplicação dos exames começou ontem

As provas da primeira fase da 16ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) serão aplicadas até o próximo dia 3 de agosto pelas escolas, que deverão enviar para o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) a relação dos estudantes classificados para a segunda etapa do certame, pelo correio ou por aplicativo, até o dia 11 de agosto. A aplicação das provas começou ontem (28). Os testes são elaborados e fornecidos pelo IMPA.

O coordenador-geral da OBMEP e diretor adjunto do IMPA, Claudio Landim, lembrou hoje (29), em entrevista à Agência Brasil, que uma das mudanças introduzidas na olimpíada, em razão da pandemia do novo coronavírus, foi dar às escolas mais tempo para aplicarem os exames.

“A ideia é garantir a presença de um maior número de alunos na segunda fase. Como muitas escolas estavam fechadas e, de fato, algumas ainda não voltaram às aulas presenciais, nós permitimos que as escolas aplicassem as provas no período de um pouco mais de um mês, com a única ideia de a escola poder escolher o dia mais conveniente para aplicar a prova. E dando liberdade às escolas que ainda estão em modo virtual de aplicar o exame nesse formato”, explicou Landim.

Seleção

O coordenador salientou, no entanto, que as provas da primeira fase servem exclusivamente para a escola selecionar, internamente, 5% dos alunos inscritos em cada nível que vão participar da segunda fase e concorrerão às medalhas e prêmios.

A OBMEP acontece em duas fases. A primeira é composta por uma prova de múltipla escolha com 20 questões, e a segunda por uma prova discursiva com seis questões. Os exames são divididos por grau de escolaridade: Nível 1 (6º e 7º anos do Ensino Fundamental), Nível 2 (8º e 9º anos) e Nível 3 (Ensino Médio).

No dia 9 de setembro, a organização divulgará os classificados para a segunda fase, prevista para acontecer de forma presencial, em 6 de novembro. “Nós vamos respeitar as medidas sanitárias, com distanciamento social, vamos entregar máscaras para os alunos que tiverem esquecido de levar, para aplicar (a prova) com toda a segurança possível, mas será uma prova presencial, como de hábito, tradicionalmente”, informou Claudio Landim. Nove mil centros escolares espalhados pelo Brasil serão locais de prova da segunda fase da OBMEP, além de institutos federais e universidades.

Universitários

Outra novidade importante causada pela pandemia é o atendimento a uma solicitação dos alunos que, no ano passado, estavam no terceiro ano do ensino médio, saíram da educação básica e não tiveram a chance de participar da olimpíada, cuja edição não ocorreu em 2020. “Muitos alunos que participavam tradicionalmente da olimpíada ficaram frustrados por não terem participado no ano passado. Este ano, nós estamos admitindo esses alunos, que já estão na universidade, e vão concorrer a medalhas, sem prejudicar os estudantes que estão no ensino médio. Vai ter uma premiação especial para esses alunos que já estão na universidade”.

Serão distribuídas aos alunos participantes dos três níveis de ensino 575 medalhas de ouro, 1.725 medalhas de prata e 5.175 medalhas de bronze, além de 51.900 menções honrosas. Todos os medalhistas serão convidados a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), como incentivo e promoção do desenvolvimento acadêmico dos estudantes. Será distribuído um número extra de medalhas para contemplar os alunos universitários.

Os resultados da segunda fase da 16ª OBMEP serão divulgados em dezembro. A premiação será em 2022, porém, ainda não tem dada definida, disse Claudio Landim. O diretor adjunto do IMPA informou ainda que não há definição também quanto à premiação da OBMEP de 2019, que deveria ter acontecido em 2020. “Ela está prevista para acontecer em outubro deste ano, mas nós vamos aguardar mais um pouco para confirmar, porque não sabemos como estará a situação do país em outubro”, comentou.

Criada pelo IMPA em 2005, a OBMEP é realizada com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), com recursos dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações e da Educação. Além de estimular o estudo da matemática no país, a competição visa identificar jovens talentosos e promover inclusão social por meio da difusão do conhecimento.

Edição: Valéria Aguiar

Publicado em 29/06/2021 – 16:09 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Governo Central tem déficit primário de R$ 20,9 bilhões em maio

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Resultado veio melhor que a previsão dos analistas de mercado

Pela segunda vez no ano, o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou déficit primário nas contas. Em maio, o resultado ficou negativo em R$ 20,947 bilhões.

Esse foi o terceiro maior déficit para o mês desde o início da série histórica, em 1997. O resultado só perde para maio de 2017 (déficit de R$ 29,387 bilhões) e para maio do ano passado, quando o resultado ficou negativo em R$ 126,63 bilhões por causa dos gastos extras e do adiamento de impostos promovido no início da pandemia de covid-19.

Apesar do déficit em maio, o resultado veio melhor que o previsto. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Economia, as instituições financeiras projetavam déficit primário de R$ 48,7 bilhões para maio.

O déficit primário representa o resultado negativo nas contas do governo sem considerar os juros da dívida pública. Com o resultado de maio, o Governo Central acumula superávit primário de R$ 19,911 bilhões nos cinco primeiros meses de 2021. Esse é o melhor resultado para o período desde 2015, quando o superávit acumulado havia atingido R$ 5,027 bilhões.

Meta

Apesar do superávit no acumulado do ano, a tendência é que o resultado das contas públicas fique negativo nos próximos meses. Para este ano, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece meta de déficit de R$ 247,1 bilhões para o Governo Central, mas projeto de lei aprovado no fim de abril permite o abatimento da meta de até R$ 40 bilhões de gastos.

Os gastos que podem ser deduzidos da meta estão relacionados com o enfrentamento à pandemia de covid-19. Dos R$ 40 bilhões autorizados pelo Congresso, R$ 20 bilhões destinam-se à saúde, R$ 10 bilhões ao programa de redução de jornada e suspensão de contrato e R$ 10 bilhões ao Pronampe, programa que fornece crédito emergencial a micro e pequenas empresas.

Receitas e despesas

O principal fator que contribuiu para a redução do déficit primário em maio foi a alta na arrecadação do governo. A receita líquida do Governo Central subiu 93,4% em maio acima da inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na comparação com o mesmo mês do ano passado. No mês, elas somaram R$ 112,876 bilhões.

Boa parte dessa alta deve-se à queda de arrecadação provocada pela restrição das atividades sociais no início da pandemia e pelo adiamento de diversos pagamentos, como contribuições à Previdência Social e recolhimentos ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que vigorou no ano passado como medida de ajuda às empresas.

As despesas totais caíram 31,4% na mesma comparação, também descontando a inflação pelo IPCA. Em maio, elas somaram R$ 133,823 bilhões. Em 2021, as despesas totais somaram R$ 601,5 bilhões. Em relação ao teto de gastos, o governo gastou, neste ano, 37,3% do limite de R$ 1,486 trilhão, numa conta que exclui cerca de R$ 30 bilhões em despesas fora do teto.

A queda das despesas totais está relacionada principalmente à redução dos gastos com o enfrentamento à pandemia. Em maio, o volume de créditos extraordinários caiu R$ 40,4 bilhões em relação ao mesmo mês de 2020, e o pagamento de R$ 6 bilhões do décimo terceiro das aposentadorias e pensões, que havia sido antecipado para maio de 2020, neste ano ocorreu apenas entre o fim de maio e início de junho.

Em relação aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o governo federal investiu R$ 2,661 bilhões em maio, recuo de 13,5% em relação ao mesmo mês de 2020, descontada a inflação pelo IPCA. No acumulado do ano, os investimentos somam R$ 8,642 bilhões, queda de 7,3% na comparação com o primeiro quadrimestre do ano passado, também descontado o IPCA. O atraso na aprovação do Orçamento de 2021, sancionado apenas no fim de abril, explica o recuo nos investimentos no acumulado do ano.

Edição: Aline Leal

Publicado em 29/06/2021 – 16:11 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil – Brasília

LGBTQIA+ celebram avanços em 10 anos de uniões homoafetivas no Brasil

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Uniões foram reconhecidas pelo STF em 2011 como entidades familiares

O “sim” unânime dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em 2011, as uniões homoafetivas como entidades familiares, abrindo caminho a uma década de avanços para a população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais (LGBTQIA+) brasileiros. Reconhecida pelo Comitê Nacional do Brasil, do Programa Memória do Mundo da Unesco, como patrimônio documental da humanidade, a decisão completou dez anos em 5 de maio de 2021, assim como já fazem bodas casais que se uniram a partir dela e celebram, neste Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ (28), direitos conquistados em décadas de luta por igualdade e dignidade.

As advogadas Patrícia Farina, de 35 anos, e Fernanda Marques, de 49 anos, já namoravam há seis anos quando o Supremo abriu as portas para que, anos mais tarde, elas se casassem em um cartório no bairro da Liberdade, em São Paulo. A realização de casamentos homoafetivos em qualquer cartório do Brasil foi garantida em 2013 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, em 2015, as duas decidiram assinar os papéis por um motivo pragmático, lembra Patrícia, que, até então, não tinha o casamento como um sonho. 

“Quando a gente pensou em ir para os Estados Unidos (EUA), vimos que não ia rolar de conseguir o visto se não estivéssemos casadas. Ela não tinha imóvel nenhum e era autônoma, então era muito fácil negarem o visto dela”, lembra Patrícia, que foi surpreendida pela emoção que o casamento trouxe. “Deu tudo errado, a gente acabou não indo para os Estados Unidos, mas foi tão importante. A minha chavinha virou exatamente na hora em que ela colocou a aliança no meu dedo. Fiquei muito emocionada. Ali, comecei a achar que era o meu sonho e eu não sabia. Foi muito especial para mim”.

Patrícia lembra que nunca havia ido a um casamento homoafetivo como convidada, mas, depois do seu, muitos vieram. “A gente se casou e, nos seis meses seguintes, foi uma galera. No dia, foi tão emocionante, as meninas e os meninos ficaram tão emocionados, que começaram a falar que estavam loucos para se casar. Na hora em que jogamos o buquê, os que pegaram já foram os próximos mesmo”, conta a advogada, que acredita que o casamento fez com que tivesse ainda mais coragem de se posicionar como mulher lésbica. “Eu nunca me escondi, mas também não me jogava para o mundo. A partir daí, foi um processo de começar a me jogar para o mundo. De me perguntarem: ‘O que ela é sua?’, e eu responder: ‘é minha esposa’. Muda muito e te dá uma segurança maior”.

Apesar de o STF ter reconhecido a união estável homoafetiva em 2011 com os mesmos direitos da heteroafetiva, a conversão dessa união em casamento ainda dependia de uma sentença judicial, o que só mudou em todo o país em 2013, com a resolução do CNJ que determinou que nenhum cartório poderia rejeitar a realização de casamentos homoafetivos. Antes disso, a necessidade de entrar na Justiça ou a possibilidade de casar diretamente no cartório dependia de onde o casal morava. 

As primeiras uniões estáveis homoafetivas convertidas em casamento pela via judicial ocorreram no país em junho de 2011. Em outubro, o primeiro casal de mulheres conseguiu decisão favorável para realizar um casamento sem que houvesse união estável anterior e, em dezembro daquele ano, ocorreu o primeiro casamento homoafetivo do Brasil, firmado diretamente em cartório, sem sentença judicial, em Porto Alegre. Ao tomarem conhecimento dessa possibilidade, o cientista político Lucas Rezende, de 38 anos, e o empresário Felipe Matos, também de 38 anos, foram a esse cartório gaúcho em julho de 2012. A incerteza se conseguiriam ou não formalizar a união fez com que nem marcassem uma festa para celebrá-la, conta Lucas, que chegou ao cartório ainda inseguro sobre o que aconteceria. 

“Quando nos casamos, a gente não sabia se o casamento ia acontecer mesmo, se seria suspenso, se seria cancelado pela Justiça ou qualquer coisa do tipo” lembra ele, que não deixou de comemorar a união com uma festa meses depois, com amigos como celebrantes. “Foi a primeira [festa de casamento homoafetivo] de todos ali. Muitos dos amigos que estavam lá tomaram coragem para se casar depois do nosso casamento. Isso foi muito legal”.

Além do orgulho de poder celebrar seu relacionamento como qualquer casal, Lucas conta que a formalização foi um passo fundamental para muitos outros na vida a dois. “Fizemos plano de saúde juntos, que foi a primeira coisa, uma conta bancária juntos, depois compramos uma casa juntos, e, por fim, adotamos uma criança. Foram questões que só se tornaram possíveis depois da formalização do nosso casamento”, conta ele, que acredita que as decisões do STF e do CNJ impulsionaram também a visibilidade dos casais LGBTI na imprensa e na publicidade. “A presença dos casais homoafetivos na cultura e na sociedade, na mídia e na propaganda ainda é pequena, porque há muito mais pessoas que são casais homoafetivos. Mas o avanço que houve é importantíssimo, significativo, e indica o progresso e a inclusão, por mais que haja ondas de retrocesso”.

DIA DO ORGULHO LGBT

DIA DO ORGULHO LGBT – Arquivo pessoal

Primeiro passo

O Dia do Orgulho LGBTQIA+ é celebrado em 28 de junho para lembrar a data em que gays, lésbicas, bissexuais transexuais e travestis que frequentavam o bar Stonewall Inn, em Nova York, se rebelaram contra a repressão preconceituosa da polícia e reivindicaram direitos civis, em uma marcha nas ruas da cidade americana. Desde então, mais de 50 anos se passaram, e as  uniões civis entre homossexuais passaram a ser garantidas em 34 países, segundo a Associação Internacional LGBTI (Ilga), e, em 28, pessoas do mesmo sexo puderam se casar. No Brasil, de acordo com as Estatísticas de Registro Civil reunidas pelo IBGE, cerca de 28 mil casais homoafetivos oficializaram casamentos entre 2013 e 2019.

Os direitos estendidos à população LGBTQIA+, a partir de sucessivas decisões do Judiciário desde 2011, devem ser comemorados, mas a falta de leis sobre o tema também preocupa, na opinião do presidente da Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH), Saulo Amorim. Ele lamenta que a decisão foi um primeiro passo que não foi seguido por leis que consolidam esse direito. 

“A decisão de 2011 abriu espaço para todas as outras, porque quando entendo a união LGBTI como uma entidade familiar, entendo que aquelas pessoas podem adotar, podem deixar sucessão, podem ter os benefícios fiscais, previdenciários e de saúde que todas as outras têm. Por isso, foi um marco histórico. Mas, a partir daí, nada em termos de lei foi feito para consolidar essa decisão jurisprudencial. Dez anos se passaram, e o Legislativo não foi capaz de transformar uma jurisprudência em lei”, cobra Amorim, acrescentando que muitas vezes projetos de lei criados para conceder direitos a essa população são descaracterizados ou engavetados.

O presidente da associação de famílias explica a importância do casamento, independentemente de ser um sonho ou uma decisão pragmática para suprir necessidades da vida de casal. “É uma questão de orgulho no sentido de que não importa minha orientação sexual, não importa minha identidade de gênero, nem a conformação biológica do meu corpo. Importa que sou brasileiro e quero ter acesso a todos os direitos, como todo cidadão deve ter”.

Na década que se seguiu à decisão que reconheceu uniões homoafetivas, também houve avanços para a população transgênero. Entre as conquistas, a presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson, destaca o direito de corrigir o nome e o gênero nos documentos diretamente em cartório, sem a necessidade de processos judiciais ou cirurgias de redesignação sexual, segundo decisão do STF de 2018.

“Essa decisão não veio somente por um lampejo de bondade dos ministros do Supremo, veio de uma longa batalha nas décadas de 80 e 90, principalmente das travestis, que estavam na rua se prostituindo, em que o nome social era chamado de nome de guerra. Quando o Supremo permite fazer pela via administrativa, para nós é uma grande conquista”, comemora ela, que compara que a via judicial chegava a demorar de seis meses a um ano e dependia da compreensão de cada juiz sobre a transexualidade.

Ainda que os avanços sejam importantes, Keila Simpson lembra que o cenário de violência e discriminação ainda é bastante presente. “Não estou descartando esse avanço, mas continuo falando que essa população ainda está sendo assassinada. Então, em alguns aspectos, a vida está a mesma de sempre, na questão da exclusão, da violência e do estigma”, afirma. “Nesse dia 28 de junho de 2021, a gente quer uma compreensão maior da sociedade, uma compreensão melhor de quem somos e reivindicar o respeito que merecemos como cidadãs desse país”.

Bodas de zinco

Os dez anos da decisão do STF marcam também os dez anos de reconhecimento do Estado brasileiro à união de Toni Reis e David Harrad, que formalizaram união estável apenas cinco dias depois da decisão do Supremo. Diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni lembra que se sentiu um cidadão pleno com a garantia conquistada.

“Senti que acabou o suplício, o calvário. Agora eu sou família, queiram ou não os fundamentalistas e esse pessoal que prega a heteronormatividade compulsória. Nos sentimos plenos”, lembra ele, que converteu a união em casamento em 2018. “Me senti brasileiro”.

Toni e David estão juntos desde 1990 e enfrentaram uma série de obstáculos jurídicos para garantir o reconhecimento à sua união, já que a permanência no Brasil de David, que é estrangeiro, dependia disso. Com mais de 40 anos de ativismo, o diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI vê com otimismo os avanços obtidos.

“Nós não podíamos falar que éramos gays, porque éramos pecadores, doentes ou criminosos fora da norma, e, hoje, nós podemos casar, compor nossas famílias, estamos na publicidade, estamos nas empresas”, argumenta Toni Reis. “Em 2011, não podíamos casar, não podíamos adotar, não podíamos doar sangue, não podíamos mudar de gênero nos documentos. Em 2021 temos muito mais dignidade que em 2011”.

Apesar disso, ele lembra que a violência, a discriminação e a dificuldade de acesso a direitos básicos, como o emprego e a educação, permanecem como desafios que precisam ser enfrentados, fazendo valer decisões como a que equiparou a LGBTfobia ao crime de racismo, em 2019. “Temos muitos desafios, temos que fazer cumprir todas as decisões do Supremo Tribunal Federal, toda a Constituição Federal e as convenções internacionais em todos os municípios e estados brasileiros”. 

Edição: Graça Adjuto

Publicado em 28/06/2021 – 07:00 Por Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

AstraZeneca: 3ª dose de vacina produz forte resposta imune, diz estudo

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Pesquisa é da Universidade de Oxford

Uma terceira dose da vacina contra covid-19, produzida pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford, produz forte resposta imune, disseram pesquisadores nesta segunda-feira (28), acrescentando que ainda não há evidências de que essa dose de reforço é necessária, especialmente devido à falta de vacinas em alguns países.

O estudo, da Universidade de Oxford, mostrou que uma terceira dose da vacina aumenta as respostas imunes de anticorpos e de células T. Ao mesmo tempo, a aplicação da segunda dose pode ser adiada para até 45 semanas após a aplicação da primeira e, ainda assim, levar a um aprimoramento da resposta imune.

O governo do Reino Unido diz que analisa planos para uma campanha de aplicação de doses de reforço no outono do Hemisfério Norte, com três quintos dos adultos já com as duas doses de vacinas contra covid-19 aplicadas.

Andrew Pollard, diretor do Grupo de Vacinas de Oxford, afirmou que as evidências de que a vacina protege contra as variantes existentes por um período sustentável significam que uma dose de reforço pode não ser necessária.

“Temos de estar numa posição em que podemos aplicar a dose de reforço caso isso se mostre necessário. Não temos, no entanto, nenhuma exigência de que será”, disse ele a jornalistas.

“Neste momento, com uma alta taxa de proteção na população do Reino Unido e nenhuma evidência de que isso foi perdido, aplicar terceira dose no Reino Unido, enquanto outros países têm zero dose, não é aceitável.”

Estudos anteriores mostraram que a vacina, criada pela Universidade de Oxford e licenciada pela AstraZeneca, tem eficácia maior quando o intervalo de aplicação entre as doses é ampliado para 12 semanas, em vez de quatro.

A pesquisa anunciada hoje foi divulgada sem a revisão de outros cientistas e analisou 30 participantes que receberam uma segunda dose tardia e 90 que receberam uma terceira dose. Todos os participantes tinham menos de 55 anos.

O estudo ajuda a amenizar preocupações de que vacinas contra covid-19 baseadas em vetores virais, como as da AstraZeneca e da Johnson & Johnson, possam perder sua potência se aplicações anuais forem necessárias, dado o risco de que o corpo produza resposta imune contra os vetores que carregam as informações genéticas da vacina.

“Tem havido algumas preocupações de que não poderíamos usa essa vacina num regime de doses de reforço, e certamente não é isso que os dados estão sugerindo”, disse a autora do estudo Tereza Lambe, do Instituto Jenner, de Oxford, à Reuters.

* Reportagem adicional de Natalie Thomas.

Publicado em 28/06/2021 – 08:57 Por Alistair Smout* – Repórter da Reuters – Londres