Pelo menos 40 pessoas morreram pisoteadas e 213 estão feridas após uma
debandada nas ruas de Kerman, onde ocorrem nesta terça-feira (7) as cerimônias
fúnebres de Qassem Soleimani, general iraniano morto pelos Estados Unidos na
semana passada. Dezenas de milhares de pessoas estão nas ruas da cidade natal
daquele que é considerado um herói do Irã.
As cerimônias de hoje, durante as quais o povo iraniano continua a exigir
vingança contra os Estados Unidos, marcam o final de três dias do luto
nacional.
“Infelizmente, como resultado da desordem, alguns dos nossos compatriotas ficaram
feridos e outros morreram durante as cerimônias fúnebres”, disse o chefe dos
serviços de emergência do país à televisão estatal iraniana Press TV.
Momentos antes, o líder da Guarda Revolucionária do Irã, Hossein Salami,
ameaçou incendiar lugares próximos dos Estados Unidos, provocando gritos de
“Morte a Israel!” entre a multidão que se encontrava na praça central de Kerman
para assistir ao funeral.
Hossein Salami elogiou os feitos do general Soleimani e disse que, como
mártir, este representava uma ameaça ainda maior aos inimigos do Irã. “Vamos
nos vingar. Vamos incendiar os locais que [os Estados Unidos] apreciam”,
afirmou o líder militar.
Cenários de vingança
No momento em que dezenas de milhares de pessoas, vestidas de preto e
empunhando imagens de Soleimani, se reuniram na cidade natal do general, o
secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã disse que o país
considera 13 “cenários de vingança” como retaliação contra os Estados Unidos.
“Os americanos devem saber que, até ao momento, 13 cenários de vingança
foram discutidos pelo Conselho e, mesmo que cheguemos a um consenso do mais
fraco dos cenários, levá-lo a cabo poderá ser um pesadelo histórico para os
EUA”, disse Ali Shamkhani.
Antes destas declarações, o Parlamento iraniano tinha anunciado a aprovação de uma lei que classifica todas
as forças armadas norte-americanas como terroristas.
A decisão altera uma lei recente que já declarava como terroristas as forças
dos EUA enviadas da África à Ásia Central, passando pelo Médio Oriente. Agora,
essa denominação foi estendida ao Pentágono, a todas as forças norte-americanas
restantes e a todos os envolvidos na morte de Soleimani.
Alemanha retira militares do Iraque
Ainda nesta terça-feira, as forças armadas alemãs anunciaram a retirada de parte dos soldados, atualmente baseados no
Iraque, em missões de formação para serem transferidos para a Jordânia e para o
Kweit, devido às tensões na região.
De acordo com o Ministério da Defesa alemão, o contingente que está em
Bagdade e em Taji, ao norte da capital iraquiana, com cerca de 30 pessoas, vai
ser apenas “provisoriamente reduzido” e essa realocação vai “começar em breve”.
Além dos militares baseados na capital do Iraque e proximidades, a Alemanha
conta com tropas no Curdistão iraquiano, também em missões de treino das forças
de segurança locais.
No total, Berlim possui atualmente cerca de 120 militares no Iraque, no
âmbito da coligação internacional contra o autoproclamado Estado Islâmico.
Ayatollah preside cerimônia
O enterro do comandante da força de elite iraniana Al-Quds vai ocorrerá no
Sul do Irã, em uma cerimônia que vai ser presidida pelo líder supremo iraniano,
o ayatollah Ali Khamenei.
Qassem Soleimani morreu na sexta-feira (3) em um ataque aéreo contra o carro
em que seguia, próximo ao aeroporto internacional de Bagdá, ordenado pelo
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada
norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Trump anunciou o envio
de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
O Irã prometeu vingança e anunciou no domingo (5) que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado
nuclear assinado em 2015, documento que os Estados Unidos abandonaram em 2018.
Publicado Por RTP – Emissora
pública de televisão de Portugal Kerman / Agencia Brasil