Acnur
pede aos países que mantenham acessíveis serviços de apoio.
As mulheres e meninas refugiadas enfrentam risco maior de violência
durante a crise provocada pela covid-19, disse hoje (20) o Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), pedindo aos Estados que
mantenham os serviços de apoio acessíveis.
No meio de uma crise, é mais provável que as mulheres refugiadas e
deslocadas dos seus países sejam forçadas a fazer “sexo para
sobreviver” ou a casar enquanto ainda são menores, alertou a alta
comissária adjunta para a Proteção Internacional no Acnur, Gillian Triggs.
O “aumento do risco de violência” contra mulheres deslocadas deve
ser levado em consideração pelos Estados nas suas respostas à crise do
coronavírus, disse Gillian, pedindo que cada país garanta que os serviços para
vítimas de violência sejam considerados essenciais e permaneçam acessíveis.
Ela anunciou que o Alto Comissariado vai distribuir fundos de
emergência para mulheres consideradas em risco de violência e coordenar ações
no setor humanitário “para garantir que os riscos de violência sexual e de
gênero sejam atenuados” em todas as intervenções, incluindo a
resposta de emergência no setor da saúde.
“A nossa rede global de funcionários de proteção do Acnur está em
alerta máximo, e os nossos programas de ajuda às mulheres e meninas vítimas de
violência estão sendo adaptados. Em alguns locais, são geridos remotamente
por assistentes sociais, com o apoio de redes comunitárias voluntárias
treinadas”, disse.
“Temos de dar atenção urgente à proteção de refugiadas, mulheres e
meninas deslocadas e apátridas neste momento de crise e pandemia”, destacou a
alta comissária adjunta, lembrando as pessoas que estão mais em risco.
“As portas não podem ficar abertas a agressores, e a ajuda deve se
concentrar nas mulheres que sobrevivem a abusos e violência”,
afirmou.
Segundo a representante da ONU, as políticas de confinamento,
bloqueios e quarentenas adotadas em todo o mundo como resposta à pandemia
levaram à restrição de movimentos das pessoas, a uma interação reduzida das
comunidades, ao encerramento de serviços e ao agravamento das condições socioeconômicas.
Esses fatores aumentam significativamente os riscos de violência por
parceiros.
“Algumas mulheres podem acabar confinadas aos seus abrigos e casas,
presas com os seus agressores, sem capacidade de se distanciarem ou procurarem
ajuda pessoalmente”, adiantou Gillian, que é também especialista
em direito internacional.
“Outras, incluindo aquelas que não têm documentação ou que perderam a
sua forma de sustento devido à devastação econômica causada
pela covid-19, podem ser forçadas a fazer sexo para sobreviver ou a
casar as suas crianças para que as famílias sobrevivam. Dentro
de casa, muitas mulheres estão também a assumir um fardo cada vez maior
como cuidadoras”, disse.
*Emissora pública de televcisão de Portugal
Publicado em 20/04/2020 – 13:16 Por RTP* –
Lisboa