Paulo Guedes fala em risco de
desabastecimento. O presidente Jair Bolsonaro, um grupo de ministros
e empresários foram hoje (7) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para falar com o
presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, sobre a economia do país e a
importância de flexibilizar a abertura do comércio, em meio às restrições das
atividades e ao isolamento social causados pela pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o presidente executivo do Instituto Aço Brasil e coordenador
da Coalizão Indústria, Marco Polo de Mello Lopes, os industriais estão
enfrentando uma crise profunda de demanda ocasionada pelo fechamento do
comércio. “Se pudesse resumir e fazer uma caracterização, a indústria está na
UTI e, para sair, precisa que ocorram as flexibilizações, de maneira que roda
volte a rodar”, disse, após o encontro com Toffoli.
Segundo Lopes, no mês de abril, houve queda de 50% nas vendas, em relação a
março, e a indústria, de maneira geral, está operando com 60% de ociosidade.
Ele explicou ainda que aqueles que estão operando seguem todos os protocolos de
segurança e que isso pode ser estendido a outras atividades para que haja essa
flexibilização.
Colapso
De acordo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, apesar dos programas do
governo de crédito e auxílio, para proteção da renda das pessoas por três
meses, talvez a indústria não consiga se manter com essa ociosidade e baixa
demanda e a economia entre em colapso antes. “O alerta é importante. Embora
haja proteção, o povo tenha o dinheiro na mão, daqui a 30 dias pode ser que
comece a faltar nas prateleiras e desorganizar a produção brasileira e entrar
em sistema de, não só de colapso economia, de desorganização social”, disse.
Marco Polo e industriais de vários setores se reuniram com Bolsonaro no
Palácio do Planalto e foram caminhando até o prédio do STF, do outro lado da
Praça dos Três Poderes. Além de Paulo Guedes, os ministros da Defesa, Fernando
Azevedo, da Casa Civil, Walter Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz
Eduardo Ramos, acompanharam o grupo.
Para o presidente Bolsonaro, não há mais espaço para postergar e é preciso
fazer uma abertura gradual e responsável das atividades. “A nossa união [entre
os Três Poderes], a coragem que nós temos para enfrentar esse problema, é que
pode evitar que o país mergulhe numa crise econômica de que dificilmente poderá
sair”, disse, argumentando que as decisões, bem-intencionadas e calcadas na
lei, devem ser tomadas mesmo que haja críticas.
STF
Para o presidente do STF, o que os empresários trazem é a necessidade de um
planejamento organizado de retomada e crescimento da economia, que, segundo
ele, deve ser coordenado pelo Executivo e dialogado com governadores e
prefeitos, com o empresariado e os trabalhadores.
“As pessoas estão saindo às ruas porque já está se chegando a situação que
as pessoas querem sair, mas tem que ter essa saída de maneira coordenada. E é
fundamental uma coordenação com estados e municípios. Nós temos uma
Constituição que garante competências específicas para os entes da federação e
foi isso que o Supremo tem decidido”, disse Toffoli.
Em meados do mês passado, o STF decidiu que estados e municípios podem tomar as medidas que acharem necessárias para combater
o novo coronavírus, como isolamento social, fechamento do comércio e outras
restrições. Ontem (6), o plenário da Corte também decidiu que os governos
locais também não precisam do aval do governo federal para estabelecer
medidas restritivas de locomoção intermunicipal e interestadual durante o
período da pandemia do novo coronavírus.
As decisões dizem respeito a julgamento de ações que questionam um decreto e
a Medida Provisória (MP) 926/2020, editados pelo presidente e
em tramitação no Congresso, que garantem ao governo federal a competência sobre
serviços essenciais, entre os quais a circulação interestadual e
intermunicipal.
Bolsonaro disse hoje que vai incluir mais categorias no decreto que trata
dos serviços essenciais, como a construção civil. “Para que cada vez mais
rápido nós possamos voltar a atividade normal, caso contrário, depois da UTI é
o cemitério e não queremos isso para o nosso Brasil”, disse.
Já estão incluídos, entre outros, os setores de assistência à saúde,
telecomunicações, call centers, serviços funerários, serviços postais,
lotéricas, imprensa e locação de veículos.
Edição: Aline Leal
Publicado em 07/05/2020 – 16:25 Por Andreia
Verdélio – Repórter da Agência Brasil – Brasília