Presidente
do TSE participou de seminário sobre liberdade de imprensa
Tendo como mote o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) fez hoje (3) um
debate no qual foi ressaltada a relevância, tanto da liberdade de imprensa como
da liberdade de expressão, para o exercício da democracia. A abertura do
seminário teve a participação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Barroso disse que a censura foi prática adotada em diversos momentos da
história brasileira e que atualmente algo similar é feito por “milícias
digitais coordenadas” que fazem “campanhas de desinformação, teorias
conspiratórias e campanhas de ódio com efeito silenciador do discurso alheio”.
“Até aqui, nossas preocupações era quando havia interferência estatal na
liberdade de expressão. Agora mudaram os inimigos da liberdade de expressão”,
disse referindo-se a campanhas que funcionam por meio de ataques a oradores, em
tons depreciativos e “que querem calar uma posição de fala”. “São milícias
digitais coordenadas para inundar as redes sociais, de forma a diluir discurso
sério e verdadeiro que contrarie o seu entendimento”, completou o ministro ao
classificar como “mercenários” os profissionais que são remunerados para “fazer
esse tipo de papel” por meio da divulgação de notícias fraudulentas.
Segundo Barroso, a liberdade de expressão é pressuposto do exercício de
outros direitos, como o do voto, mas, para tanto, o cidadão precisa ser
informado adequadamente. “A liberdade de expressão é indispensável para a
preservação da cultura, da memória e da história de uma sociedade. No entanto,
vivemos um momento marcado pelas campanhas de desinformação, de ódio e de
ataques à democracia e às instituições. Momento que traz preocupações e
reflexões totalmente diversas das que lidávamos há até pouco tempo”, concluiu.
Segurança
Representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, disse que a entidade
lança, a cada dois anos, um relatório que aborda a segurança de jornalistas e o
perigo da impunidade àqueles que praticam crimes contra esses profissionais. “O
relatório aponta que, na última década, morreu um jornalista a cada quatro
dias, e que 156 jornalistas foram assassinados em 2018 e 2019”.
A Unesco chama a atenção também para o aumento do uso de forças policiais e
de segurança em eventos de protesto. “Em 2015, jornalistas foram impedidos de
cobrir 15 eventos de protestos. E em 2019 esse número mais que dobrou, chegando
32 protestos”, disse. “Precisamos que os jornalistas possam trabalhar em
segurança; que tenham seus direitos respeitados; e que todos estejamos
comprometidos em fortalecer a liberdade de imprensa e o bom jornalismo”.
O presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
(Abert), Flávio Lara Resende, disse que informação é um bem público e um
direito garantido pela Constituição que exige “constante vigilância”. Lara
Resende destacou que nem mesmo os ataques e as tentativas de desacreditar a
fala dos veículos de comunicação são capazes de parar a imprensa que, segundo
ele, “continua nas ruas para levar à população conteúdo com credibilidade”.
Lara Resende citou um relatório segundo o qual “quase 6 agressões por
minuto” são dirigidas a jornalistas. “Por algum motivo muitos brasileiros não
têm ideia exata da importância da liberdade de expressão para a democracia. É
um papel que cabe, a nós da imprensa, tentar explicar da melhor forma possível.
Sem emoção, sem ódio e de forma clara porque a liberdade de expressão é
importante tanto para a democracia como para melhorar a parte econômica do
país”.
Edição: Fábio Massalli
Publicado em 03/05/2021 – 21:17 Por Pedro
Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília