sexta-feira, dezembro 5, 2025
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Sistema penitenciário é “tragédia humanitária”, diz Gilmar Mendes

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STF promove audiência pública sobre o sistema carcerário no país

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse hoje (14) que o sistema carcerário representa “uma das maiores tragédias humanitárias da história do Brasil”, e que o encarceramento em massa das últimas décadas agrava ao invés de solucionar o problema da violência e da segurança pública.

“Temos um sistema penitenciário extremamente custoso, desumano, degradante e ineficiente, que somente serve para denegrir pessoas ou inseri-las no mundo organizado do crime”, disse o ministro em audiência pública para discutir formas de garantir a fiscalização do sistema penitenciário brasileiro, no Supremo.

Gilmar Mendes disse que a recente onda de violência em Manaus “comprova essa situação, já que as informações preliminares indicam que as ordens de ataques a ônibus, prédios públicos e à população têm partido de dentro dos presídios”. 

Gilmar Mendes é relator de um habeas corpus coletivo em que a Segunda Turma do Supremo concedeu prisão domiciliar a todos os detentos que são pais ou responsáveis por crianças menores de 12 anos ou deficientes. A condição é que não tenham praticado crimes mediante violência ou grave ameaça e contra os próprios filhos ou dependentes. Segundo o ministro, há cerca de 32 mil presos beneficiados.

A Segunda Turma aprovou a realização da audiência para esclarecer dúvidas e dificuldades no cumprimento dessa decisão, diante de notícias de reiterado descumprimento da medida. 

Ao abrir o debate, Gilmar Mendes citou o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o Sistema Carcerário, realizada pela Câmara dos Deputados em 2009, que concluiu que “os presos no Brasil, em sua esmagadora maioria, recebem tratamento pior do que o concedido aos animais: como lixo humano”.

“Há diversos e fatídicos exemplos de violências físicas, psicológicas e sexuais, de depósito de pessoas em condições insalubres, do sofrimento de prática de torturas e maus-tratos, com a dominância dos ambientes prisionais pelas facções criminosas”, disse o ministro.

Edição: Fernando Fraga

Publicado em 14/06/2021 – 12:18 Por Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Famílias de renda mais baixa sofrem maior impacto da inflação em maio

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É o que revela pesquisa feita pelo Ipea

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda voltou a ter, em maio, elevação em todas as classes de renda pesquisadas, mesmo com a desaceleração registrada em abril. As mais atingidas foram as famílias de renda muito baixa, com renda domiciliar abaixo de R$ 1.650,50. 

Para esta faixa, a inflação ficou em 0,92% em maio. Para as famílias de renda mais alta – entre R$ 8.254,83 e R$ 16.509,66 – o percentual não passou de 0,49% no mesmo período. Os dados foram divulgados hoje (14), no Rio de Janeiro, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A habitação e os transportes foram os grupos que mais contribuíram para o avanço da inflação. Os principais focos de pressão inflacionária da habitação foram os reajustes de energia elétrica (5,4%), da tarifa de água e esgoto (1,6%), do gás de botijão (1,2%) e do gás encanado (4,6%). Nos transportes, os aumentos da gasolina (2,9%), do etanol (12,9%) e do gás veicular (23,8%) influenciaram o resultado.

A queda de 28,3% no preço das passagens aéreas reduziu o impacto dos reajustes dos combustíveis para as famílias de renda mais elevada da população. O grupo saúde e cuidados pessoais, com alta de 0,11% em maio, e de 0,10% nas de renda mais baixa, também contribuiu para a alta da inflação. Dentro do grupo de saúde e cuidados pessoais, enquanto as famílias com renda mais baixa enfrentaram alta de 1,3% nos medicamentos, os mais ricos tiveram reajuste de 0,67% nos planos de saúde.

Maria Andréia Lameiras, autora do estudo e pesquisadora do Grupo de Conjuntura do Ipea, disse que o resultado de maio veio maior, como já era esperado, por conta do reajuste da energia elétrica que pesa muito para as famílias de renda mais baixa. 

Além disso, ainda houve alta nas taxas de água e esgoto, no gás encanado e botijão. “A gente já sabia que isso ia pesar mais para as famílias de renda mais baixa. Fora isso, houve um pouco do aumento de medicamentos que bateu de novo em maio. Isso fez com que a inflação dos mais pobres ficasse bem mais alta do que a dos mais ricos”, explicou em entrevista à Agência Brasil.

Interanual

De acordo com o indicador, na comparação interanual, todas as classes de renda foram atingidas por forte aceleração inflacionária. Segundo o Ipea, em maio de 2020, a pandemia impactou um grupo de bens e serviços gerando quedas de preços significativas, como a deflação na energia (-0,58%), combustíveis (-4,6%) e medicamentos (-1,2%), além dos recuos de 3,2% dos móveis, 0,58% do vestuário e 0,37% dos serviços de recreação.

No acumulado de janeiro a maio de 2021, tanto o segmento de renda mais baixa como o de renda mais alta, ambos registraram inflação de 3%. As maiores taxas nos primeiros cinco meses do ano, no entanto, foram notadas nas classes de renda média (3,5%) e renda média baixa (3,4%). 

Já no acumulado em 12 meses, a inflação das famílias de renda muito baixa ficou em 8,9% e segue maior que a taxa inflacionária dos mais ricos (6,3%), ainda sob efeito das altas de 15,4% dos alimentos no domicílio e de 11,6% da energia elétrica. O reajuste de 47,5% dos combustíveis nos últimos 12 meses, para as famílias com melhor poder aquisitivo, explica parte do aumento.

“Embora no ano a inflação entre ricos e pobres esteja muito parecida em 3%, quando a gente olha em 12 meses, a inflação dos mais pobres dá uma acelerada porque saiu da conta maio do ano passado, que foi muito baixa, e entrou agora maio de 2021 que foi muito alta. Então, em 12 meses a inflação das famílias de renda mais baixa acabou dando um salto e bate em quase 9%, enquanto a do outro segmento está girando em torno de 6%”, afirmou Maria Andréia.

Expectativa

Ela disse, também, que em junho a inflação deve permanecer um pouco alta, como também na de 12 meses porque ainda haverá impacto de preços administrados e pressão do preço da carne sobre o índice, mantendo a influência na alimentação em domicílio. 

A situação deve mudar a partir do segundo semestre,  quando são esperados dois movimentos diferentes. O primeiro é uma desaceleração da inflação de 12 meses, porque haverá comparação com o segundo semestre de 2020, que teve meses de inflação muito alta, em contraponto com o que se espera das taxas que estão por vir no mesmo período de 2021, quando devem ser mais baixas. “Então, essa conta de 12 meses vai desacelerar”, completou.

O outro movimento, segundo Maria Andréia, deve ter um ritmo um pouco mais rápido de desaceleração da inflação para as famílias de renda mais baixa, porque é esperada para o segundo semestre uma oferta maior de serviços. As famílias de renda mais alta é que vão ter maior influência desse setor. 

“A gente sabe que os serviços batem mais na inflação dos mais ricos. Com a vacinação ganhando força e a economia voltando a dar uma girada em velocidade maior, esses serviços que foram tão afetados na pandemia como recreação, cuidados pessoais e de lazer vão começar a dar uma pressionada e essa inflação de serviços está ligada às famílias de renda mais alta. As taxas de 12 meses vão desacelerar, mas a desaceleração dos mais ricos vai acabar sendo freada por este aumento da inflação de serviços”, informou.

Nos 12 meses, conforme a autora do estudo, ainda vão bater reajustes de preços administrados, como o novo aumento de gás de botijão anunciado pela Petrobras na sexta-feira, e a elevação dos valores de planos de saúde e de transporte público, que vão pressionar todas as faixas, incluindo a alimentação, principalmente a carne. 

“A tendência é que ainda fique um tempo com alta de preços. A gente está esperando de uma maneira geral um junho ainda forte, mas não tão forte quanto maio, gerando alguma pressão sobre a inflação, mas a partir de julho realmente uma desaceleração um pouco mais forte”, indicou.

Alimentos

Na visão da pesquisadora, não deve se repetir este ano a pressão de alimentos ocorrida no segundo semestre do ano passado, causada pela menor oferta influenciada pela exportação, que atraiu os produtores com preços mais elevados no mercado externo, e maior demanda que refletiu mais consumo de famílias mais pobres com o auxílio emergencial. 

“Mesmo sabendo que tem problema de seca, pode ter alguma dificuldade em uma cultura ou outra, ainda assim, esperamos que o preço dos alimentos vai puxar basicamente essa inflação para baixo no segundo semestre de 2021, quando se compara com o mesmo semestre de 2020”, disse, acrescentando que o câmbio mais baixo também está ajudando a perspectiva de inflação para o segundo semestre.

Ela destacou, ainda, que essa avaliação leva em conta o grande movimento de demanda interna e internacional e os meses de pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, o que gerou um aumento de demanda muito grande. “A gente sabe que o auxílio emergencial foi usado para a compra de alimentos e um pouco também para material de construção, mas o foco do auxílio foi a compra de alimentos. Esse ano, além de ter uma safra um pouco melhor e uma produção interna mais segura no mercado doméstico, estamos com um auxílio emergencial em valor bem menor, então a pressão de demanda está menor”, finalizou.

Edição: Kleber Sampaio

Publicado em 14/06/2021 – 12:30 Por Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Governo assina acordos que podem fechar lixões e despoluir rios

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Ministério do Meio Ambiente lidera as parcerias

A despoluição de rios, a logística reversa de resíduos e a transformação de lixo em energia são os objetivos de três acordos de cooperação assinados nesta segunda-feira (14) entre associações setoriais e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Um deles, sobre o monitoramento da qualidade da água, foi assinado com a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre). O acordo prevê a criação de uma plataforma digital para aprimorar a gestão da qualidade da água em todo o Brasil.

“A plataforma oferecerá informações consolidadas sobre a qualidade dos efluentes tratados, mais transparência aos usuários e incentivo a melhorias operacionais, além de melhor orientação de ações de fiscalização pelos órgãos ambientais e agências reguladoras, com instrumentos para verificação das metas de desempenho dos serviços de tratamento de efluentes”, detalhou a pasta em nota.

Outro acordo assinado trata da logística reversa de óleo lubrificante. Por meio dele, a expectativa é de que sejam integradas informações setoriais sobre essa logística no Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos e, com isso, seja desenvolvido um aplicativo online, para permitir a integração com os demais sistemas de logística reversa existentes no país, como eletroeletrônicos, embalagens e medicamentos. Nesse caso, além do MMA e da Abetre, outra parceira será a Associação Ambiental para Coleta, Gestão e Rerrefino do Oluc – óleo lubrificante usado ou contaminado.

Há ainda a parceria para elaboração do Atlas de Recuperação Energética de Resíduos Sólidos. “Esta ferramenta digital indicará as regiões com maior potencial para investimentos no aproveitamento do lixo como fonte de energia”, explicou o ministério.

Além disso, está prevista a integração de informações setoriais e de infraestrutura sobre recuperação energética, a modernização normativa e o desenvolvimento de conteúdos para a qualificação de órgãos ambientais e consórcios públicos.

Edição: Lílian Beraldo

Publicado em 14/06/2021 – 12:57 Por Agência Brasil – Brasília

Barroso suspende quebra de sigilo de dois servidores da Saúde em CPI

Quebras de sigilo de Pazuello, Araújo e Mayra continuam mantidas

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu hoje (14) a quebra de sigilos telefônico e telemático (mensagens eletrônicas) de dois servidores do Ministério da Saúde feita pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

A medida, aprovada na CPI na quinta-feira (10), determinava a quebra de sigilo de Camile Giaretta Sachetti, ex-diretora de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, e de Flávio Werneck, assessor de Relações Internacionais da pasta. Ambos impetraram mandados de segurança no Supremo para barrar a decisão.

Ao deferir a suspensão, Barroso entendeu que, no caso dos servidores, o requerimento para quebra dos sigilos “não está adequadamente fundamentado”. O ministro apontou três razões principais: não foi apontado indício ou suspeita do cometimento de crimes pelos servidores; não foi esclarecida a utilidade das informação para instruir o inquérito da comissão; as quebras são excessivamente amplas.

Pelo requerimento aprovado, a CPI poderia ter acesso à íntegra, por exemplo, de conversas mantidas pelos agentes públicos de sua relação de contatos, dos arquivos armazenados em nuvens, da cópia integral de mensagens de correio eletrônico, das informações de localização dos seus dispositivos eletrônicos, do seu histórico de pesquisas, suas informações de pagamento, informações de aplicativos baixados e instalados.

Barroso determinou que a CPI seja notificada para, caso queira, prestar mais informações sobre as quebras de sigilo. No caso de novos elementos, a decisão poderá ser reexaminada, ressalvou o ministro.

No sábado, os ministros do Supremo Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes mantiveram quebras de sigilo aprovadas na CPI da Pandemia que alcançam o ex-ministros Eduardo Pazuello, da Saúde, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e também a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro. No domingo (13), Moraes também manteve a quebra de sigilo da coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fontana Fantinato.

Edição: Maria Claudia

Publicado em 14/06/2021 – 13:08 Por Felipe Pontes – Brasília

Lira: relatores da reforma tributária serão definidos nesta semana

Presidente da Câmara conversou com presidente do Senado sobre o tema

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou hoje (14), por meio de uma rede social, que os relatores da proposta da reforma tributária serão definidos até o final da semana. Lira disse que conversou sobre a questão com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM- MG), e que os relatores das duas casas legislativas devem ser definidos simultaneamente.

Lira disse ainda que vai se reunir nesta semana com líderes partidários e com integrantes da equipe econômica do governo para tratar da reforma, em especial nas questões relacionadas ao imposto de renda.

De acordo com o presidente da Casa, o texto da reforma tributária será aquele possível e não deverá ser grande, mas que melhorará o sistema de cobrança e de arrecadação de tributos no país.

Em maio, após extinguir a comissão especial que tratava do tema, Lira disse que a reforma iria tramitar de maneira fatiada e contaria com três ou quatro relatores. Com o fatiamento, a expectativa é de que os temas que tratam de impostos sobre a renda e o consumo sejam debatidos pela Câmara, e o passaporte tributário vai para o Senado. A previsão é que os dois temas sejam discutidos em cada Casa por 30 a 60 dias.

A comissão especial da reforma tributária foi extinta por Lira sob o argumento de estouro de prazo. Segundo ele, os trabalhos da comissão expiraram há um ano e meio e o encerramento evitaria contestações judiciais no futuro.

Mesmo com a extinção dos trabalhos do colegiado, que reuniu deputados e senadores, o relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) apresentou seu parecer sobre o tema.

A decisão de Lira foi tomada em um momento de divergência entre o governo e a comissão mista. A equipe econômica queria uma proposta de reforma tributária fatiada, em que temas específicos fossem votados à medida em que houvesse acordo.

O fatiamento da reforma também já era defendido pelo presidente da Câmara, com o argumento de que iria facilitar a tramitação da proposta. Ribeiro, entretanto, apresentou um relatório no qual propôs a unificação de cinco tributos no Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), texto considerado amplo pelo governo.

Edição: Denise Griesinger

Publicado em 14/06/2021 – 14:32 Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Junho Vermelho busca aumentar número de doadores de sangue

Doação pode ser feita com segurança, sem risco para os doadores

A campanha Junho Vermelho, realizada este mês por instituições públicas e privadas da área da saúde, busca conscientizar a população sobre a importância da doação de sangue e, desse modo, angariar mais doadores voluntários.

O Ministério da Saúde estima que, no ano passado, devido à pandemia de covid-19, o número de doações tenha diminuído 20%, na comparação com o ano anterior. No primeiro trimestre de 2021, a taxa de doação voluntária da população brasileira era de 1,6%, dentro do padrão estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O diretor médico da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, João Tyll, diz que a doação pode ser realizada com segurança, uma vez que são adotadas medidas de prevenção para evitar a propagação do vírus, sem risco para os doadores.

O autônomo Sebastião Castro da Silva, 53 anos, já realizou quatro doações de sangue durante a pandemia. “Sou doador de plaquetas há mais de seis anos. Comecei a doar para a filha de um médico que estava grávida de seis meses e foi diagnosticada com leucemia. A partir daí, não parei mais e sempre que recebo uma mensagem vou imediatamente fazer a doação para ajudar.”

Outro que aderiu ao movimento na pandemia foi o jornalista Fábio Resende que fez doações de sangue e plasma nos últimos cinco meses. “As propriedades do plasma ou soro convalescente humano, como uma terapia viável, possuem um grande potencial de tratamento para covid-19. Por esse motivo, no momento da doação, optei também por essa retirada.”

Para doar

Para doar sangue, a pessoa deve estar em boas condições de saúde e alimentada, ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 kg e levar documento de identidade original com foto recente. É preciso evitar a ingestão de alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação e respeitar o prazo de 12 horas para o caso de bebidas alcoólicas. Se estiver com sintomas de gripe ou resfriado, ou tiver tomado vacina recentemente, não deve doar temporariamente.

Estão impedidas de doar pessoas gripadas ou com processo alérgico que inclua tosse e coriza; que tenham feito tatuagem ou colocado piercing há menos de um ano; que tenham tido hepatite após os 11 anos de idade; tenham realizado endoscopia ou colonoscopia nos últimos seis meses; sejam usuários de drogas ilícitas. O banco de sangue da Santa Casa do Rio de Janeiro está localizado na Rua Santa Luzia, 206, região central da capital fluminense.

Estoques

O Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) tem registrado uma baixa considerável em seus estoques, desde o início da pandemia. “Março [deste ano] foi muito ruim, afetou os estoques de abril; em maio, houve uma recuperação mas, de modo geral, teve uma diminuição importante no número de doadores no Rio de Janeiro e no Brasil. A situação está muito preocupante”, afirmou o diretor da instituição, Luiz Amorim, à Agência Brasil.

Segundo ele, é necessário lançar novas ações para incentivar a doação porque a busca espontânea é sempre baixa. Em 2020, houve queda de 5% no número de doadores – na comparação com 2019. Em 2021, a redução já atinge mais 5%. Amorim afirma que, apesar de parecer uma diminuição pequena, o estoque em 2019 já não era confortável. “Agora, estamos vivendo uma situação de hospitais lotados, não apenas de pacientes de covid-19, mas de outras doenças, porque as pessoas esperaram o máximo para se tratar por causa da pandemia. Então, o consumo de sangue está em nível elevado, mais do que no ano passado”.

De acordo com o diretor do Hemorio, a média ideal é de 250 doadores por dia, mas esse número vem caindo mês a mês. Em março de 2021, o Hemorio registrou 150 doadores/dia. Em abril, a queda também foi grande, chegando a uma diminuição de 30% em relação ao que era na pré-pandemia.

Público jovem

A maior quantidade de doadores do instituto está na faixa etária de 20 anos a 39 anos, que responde por mais de 60% das doações. A faixa de 20 a 29 anos concentra 40% dos doadores. “A gente pode dizer hoje que o nosso público de doadores é um público jovem, o que é muito bom”. Segundo Amorim, isso é fruto de campanhas direcionadas e do uso intenso de mídias sociais.

As mulheres que há 20 anos representavam somente 15% dos doadores, hoje, representam 40%. “Já melhorou bastante. Mas se olhar para a população fluminense, 52% são do sexo feminino, o que mostra que isso pode aumentar”, afirmou Amorim lembrando que muitas mulheres que desejam doar não conseguem por causa da anemia, deficiência muito comum em mulheres devido às perdas menstruais.

Novas doações

No Dia Mundial do Doador de Sangue, lembrado hoje (14), o diretor do Hemorio faz um apelo para que as pessoas se mobilizem e se dirijam ao instituto para doar.

Para facilitar o trabalho dos potenciais doadores e evitar aglomerações, ele sugere que as pessoas agendem uma hora para a doação pelo telefone gratuito 0800-2820708 ou pelo site do Hemorio.

“Com isso, o processo é muito mais rápido, a pessoa fica menos tempo na rua. É tudo muito mais fácil e mais prático”.

Hábito de doar

A advogada Valéria Esteves Ferreira Netto começou a doar no Hemorio em 1985. “Desde que me entendo por gente, eu queria doar. Mas custei a ter o peso necessário para poder doar, que são 50 quilos”, disse à Agência Brasil.

No ano seguinte, ao ver passar o carro do posto móvel do Hemorio, ela resolveu doar pela segunda vez e passou a fazê-lo de quatro em quatro meses.

Hoje aposentada, Valéria contou que começou a doar plaquetas para ajudar uma amiga que estava com leucemia e morava em Belo Horizonte. A partir daí, tornou-se doadora permanente do Hemorio. “Acho que já doei umas 206 vezes”. Mensalmente, Valéria doa plaquetas no instituto. “Vou doar até não poder mais.”

Para as pessoas que têm medo, ela afirma que o processo é indolor. “Pode doar porque não dói nada. É seguro. Você sai tão satisfeito, se sentindo uma pessoa melhor, porque está doando”.

“Acho que é um ato de amor doar sangue. Isso me faz muito bem. Tanto que todo mês estou lá. Quando não posso doar, fico chateada. É uma coisa que faz bem para a pessoa que doa e para outras pessoas. É uma coisa que não tem efeito colateral, não tem recomendação contra, não transmite doença; as seringas são descartáveis”, afirmou Valéria.

Selfie que salva

Operadoras de saúde também entraram na campanha para estimular a doação de sangue no mês de junho. A Unimed-Rio lançou a campanha #selfiequesalva, com o objetivo de contribuir para o aumento do estoque nos bancos de sangue do Rio de Janeiro.

Na avaliação do superintendente de Mercado e Operações na Unimed-Rio, Mauro Madruga, “a campanha #selfiequesalva reforça esse significado de forma lúdica, ao mostrar a semelhança do ato de fazer uma selfie e a de doar sangue”.

Segundo ele, 90% dos brasileiros tiram selfie, mas apenas 1,6% doa sangue. “Queremos sensibilizar a população para a importância desse ato, que ganha ainda mais relevância com a pandemia, quando houve um aumento da demanda de transfusão de sangue em pacientes que apresentam formas graves da covid-19″, completou Madruga.

A campanha propõe um desafio para que outras empresas incentivem seus colaboradores a doar, da mesma forma que parentes de familiares internados com covid-19. Segundo o superintendente, todos os bancos de sangue do Rio de Janeiro estão na campanha.

Edição: Lílian Beraldo

Publicado em 14/06/2021 – 14:37 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Ipea lança estudo inédito sobre mercado de trabalho

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Índice de Qualidade do Trabalho analisa dados de escolaridade

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou hoje (14) um estudo com indicadores inéditos no Brasil sobre mercado de trabalho e produtividade. Um deles é o Índice de Qualidade do Trabalho (IQT), que analisa dados de escolaridade e de experiência da população ocupada do país.

De acordo com o estudo, a mudança de composição na população ocupada (PO) provocou o crescimento mais acelerado do indicador durante as fases de recessão, com crescimento de 2,7% ao ano entre o primeiro trimestre de 2014 até o quarto de 2016 e de 11,9% a.a. no período do quarto trimestre de 2019 ao segundo de 2020. Em contrapartida, nas fases de expansão econômica, os percentuais de crescimento médio ficaram entre 0,90% e 1,5% a.a., respectivamente.

Conforme o estudo, em períodos de crise há um avanço na proporção relativa de trabalhadores mais qualificados na população ocupada, em razão da maior perda líquida de empregos para os menos escolarizados e com menor grau de experiência. Como resultado, em termos de capacidade produtiva, o efeito composição gera um aumento da qualidade das horas efetivamente trabalhadas no período.

Escolaridade

O estudo mostrou ainda que houve uma perda muito grande de horas trabalhadas na população de baixa escolaridade, o que não ocorre para quem tem escolaridade com nível superior, que não teve perda quando se compara o primeiro trimestre deste ano com o do ano passado e na verdade registrou alta. “Há uma recuperação bastante distinta também na economia, que com a recuperação acabou sendo melhor para a população com mais escolaridade do que da população com baixa escolaridade”, disse o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea e um dos autores do estudo, José Ronaldo Souza Júnior, em entrevista à Agência Brasil.

O diretor disse que estudos feitos até agora indicam um aumento muito grande de produtividade no período da crise da pandemia, o que é incomum em tempos iguais, com o IQT deixou claro que não houve esse aumento tão grande na produtividade e o que ocorreu foi maior participação de pessoas com mais escolaridade na mão de obra. “Na verdade está aumentando a produção do trabalhador porque a participação do com formação melhor está maior”, disse.

O estudo se baseia em dados da Pnad Contínua, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do segundo trimestre de 2012, que corresponde ao início da série, até o primeiro trimestre de 2021, uma vez que a pesquisa de abrangência nacional investiga de maneira permanente características gerais da população relacionada à educação. Os resultados mostram também um crescimento médio de 2,31% ao ano na qualidade da população ocupada no mercado de trabalho brasileiro nesse período.

O Índice Ajustado de Contribuição do Fator Trabalho (IACFT), indicador criado para ponderar o estoque de horas trabalhadas pela qualidade da composição da população ocupada em cada período, apresentou alta de 1,36% no primeiro trimestre de 2021, se comparado ao trimestre anterior. No entanto, em relação ao primeiro trimestre de 2020, subiu 3,75% na contribuição efetiva do insumo trabalho, apesar da queda de 3,01% no fluxo de horas efetivamente trabalhadas. A avaliação é que isso comprova que a mudança na composição da população ocupada mais que compensou a redução no total de horas efetivas trabalhadas no período.

O estudo apontou que a produtividade total dos fatores (PTF) estimada da forma convencional, em que o fator trabalho é mensurado pelas horas efetivamente trabalhadas, superestima em 13,30 pontos percentuais (p.p.) o indicador no período analisado, quando comparado à PTF ajustada pela qualidade do trabalho.

Segundo o Ipea, é a primeira vez, que pesquisadores brasileiros fazem esse tipo de avaliação, que é utilizada para análise de conjuntura por órgãos institucionais internacionais como Federal Reserve Bank of San Francisco (nos Estados Unidos), Office for National Statistics (no Reino Unido), Australian Bureau of Statistics (na Austrália) e Eurostat (na União Europeia). De acordo com o Ipea, a construção do novo indicador contribui também para analisar a evolução da economia brasileira no contexto mundial.

José Ronaldo Souza Júnior disse que a intenção ao criar os indicadores foi avaliar o quanto de capacidade produtiva existe no Brasil com a mão de obra disponível. “A gente consegue avaliar melhor a produtividade diferenciando trabalhadores em indicadores que ajudam a medir melhor a produtividade, como a escolaridade. Também consegue medir melhor o grau de ociosidade dessa mão de obra. Então, tem um desemprego alto, mas qual é o tamanho da ociosidade? Ociosidade que estamos falando é em termos de capacidade produtiva e tem que levar em consideração que há trabalhadores com níveis de escolaridade diferentes”, afirmou.

Edição: Fernando Fraga

Publicado em 14/06/2021 – 16:18 Por Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro