MP-GO participa de operação nacional para desbaratar organização criminosa especializada em pirâmide financeira

O Ministério Público de Goiás (MP-GO), por intermédio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), participou da Operação Black Monday, desencadeada pelo MP de Minas Gerais, por intermédio da 8ª Promotoria de Justiça de Pouso Alegre e do Gaeco MPMG. A ação teve como objetivo desbaratar organização criminosa voltada para a prática de crimes de pirâmide financeira, contra as relações de consumo e de lavagem de capitais. A estimativa é que o grupo tenha causado prejuízo de R$ 60 milhões, com a aplicação de golpe em 1,5 mil pessoas.

Durante a operação, foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão, resultando na apreensão de quatro carros de luxo, com valor estimado em R$ 3,5 milhões, nos Estados da Paraíba e de Pernambuco; e R$ 500 mil em espécie. Foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão específicos para criptoativos, que conseguiu apreender uma grande quantidade de criptomoedas, cujo montante ainda será apurado. Seis pessoas foram presas, em cumprimento a mandados de prisão preventiva.

Em Goiás, a operação contou com a participação de 3 promotores de Justiça, 3 oficiais e 14 praças da Polícia Militar e 4 servidores do MP-GO. Foram apreendidos, na cidade de Anápolis, documentos e um aparelho de celular.

A apuração que resultou na Operação Black Monday teve início em maio de 2020, a partir de denúncia de um morador da cidade de Pouso Alegre (MG). Foram detectados indícios de que, através dos sites Aprenda Investindo e Investing Brasil, centenas de pessoas, na expectativa de realizar investimentos financeiros, foram direcionadas para as corretoras VLOM e LBLV – o MPMG está apurando se as duas empresas existem legalmente ou são apenas de fachada. Assim, as vítimas realizavam transferências bancárias para diversas pessoas jurídicas e os valores não eram revertidos no desejado investimento.

Educação financeira

Conforme apurado pelo MPMG, o dinheiro das vítimas era convertido em bitcoins e em bens de alto valor. De acordo com o promotor de Justiça Eduardo Machado, do Gaeco do MPMG, foi desbaratado um sistema sofisticado de lavagem de dinheiro, criado a partir da percepção da baixa rentabilidade de investimentos tradicionais. Segundo ele, foram criados sites para propagandear educação financeira.

O contato com a vítima era feito após o acesso ao site, por supostos analistas financeiros, que ofereciam pacotes de investimentos com rentabilidade maior. A promessa era de aplicações nos Estados Unidos. Após a transferência do dinheiro captado, os valores eram dispersados em contas bancárias de várias pessoas jurídicas espalhadas pelo Brasil.

Abrangência

A Operação Black Monday foi desenvolvida também em Pernambuco, São Paulo, Paraíba, Bahia, Alagoas, Maranhão, Rondônia, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com o cumprimento de 29 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão. No total, participaram da operação 26 Promotores de Justiça, 42 servidores dos MPs, 20 delegados de Polícia, 91 agentes da Polícia Civil, 30 policiais militares, 2 peritos e 9 policiais rodoviários federais.

O líder do grupo, que reside em Caruaru (PE), foi localizado e detido na cidade de João Pessoa (PB). Com ele, foram encontrados automóveis de luxo das marcas Lamborghini e BMW. Em Pernambuco, duas pessoas foram detidas em Gravatá e conduzidas à delegacia local. Em Recife, entre o material apreendido, estavam documentos bancários, R$ 287 mil em espécie e veículos, totalizando um valor aproximado de R$ 600 mil.

Black Monday (segunda-feira negra, na tradução para o português) faz referência ao dia 19 de outubro de 1987, quando ocorreu o pior crash da bolsa de valores da história de Wall Street, em Nova York. (Texto: João Carlos de Faria/Assessoria de Comunicação Social do MP-GO, a partir de informações do MPMG e MPPE)

Comente, dê sua opinião sobre a notícia.