Para ele,
quarentena rígida leva a recuperação econômica mais veloz.
O secretário estadual da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique
Meirelles, afirmou hoje (8) que a economia tem sido afetada pela própria
pandemia do novo coronavírus, e não pela manutenção da quarentena. “Existe um
equívoco, que está permeando diversos setores de opinião e de poder do Brasil,
de que o isolamento social ou a quarentena é que está causando a crise
econômica. Não é. É o contrário. A crise é causada pela pandemia”, disse
Meirelles. “O que afeta a economia é a pandemia, não as medidas para combater a
pandemia”, acrescentou.
Para o ex-ministro da Fazenda, em pandemias anteriores, as regiões que
adotaram a quarentena com mais rigor foram as que tiveram melhor e mais rápida
recuperação econômica. “A quarentena tem, por finalidade, combater mais
eficazmente a contaminação e, consequentemente, isso beneficia a
economia”, destacou.
“Experiências históricas mostram isso: em pandemias anteriores,
cidades, regiões ou países que adotaram a quarentena com mais vigor foram os
que se recuperaram mais rapidamente do ponto de vista econômico. Por isso temos
de estender a quarentena da forma mais rigorosa possível”, afirmou o
secretário. “É uma questão objetiva e econômica. Quanto mais rápido for
controlada a evolução dos casos, mais rápido sairemos da crise e mais rápido
vamos recuperar os empregos e a renda”, destacou.
De acordo com Meirelles, o setor mais afetado pela crise no estado, por
exemplo, foi o de serviços domésticos que não contava
com restrições para funcionar durante a qarentena. “Esse setor não foi
objeto de nenhuma restrição. E, no entanto, foi o mais afetado pela crise. Por
que? Pela preocupação das pessoas”, disse Meirelles.
Na lista de setores mais afetados estão as academias e salões de beleza, os
setores ligados à economia criativa, comércio, construção civil, atividades
relacionadas ao turismo, hotelaria, alugueis não imobiliários, alimentação
[bares e restaurantes]
, atividades imobiliárias, transporte terrestre,
transporte aéreo, educação e produção audiovisual.
“A atividade econômica começa a retornar depois que se passa o pico e a
pandemia começa a dar sinais de que está controlada”,
disse Meirelles.
Quarentena estendida
Hoje (8), o governador de São Paulo, João Doria,
anunciou que a quarentena no estado paulista será estendida até o dia 31 de maio. Esta é
a terceira vez que o governador estende a quarentena, que teve início no dia 24 de março e estava
prevista para ser encerrada no próximo domingo (10). Durante a
quarentena, somente serviços considerados essenciais – como logística,
segurança, abastecimento e saúde – podem funcionar.
No dia 22 de abril, Doria havia anunciado a possibilidade de retomar as
atividades consideradas não essenciais a partir do dia 11 de maio, mas hoje ele voltou
atrás e decidiu manter a quarentena, apesar da pressão do setor econômico e de
alguns prefeitos do interior.
Segundo Doria, a medida precisou ser tomada novamente porque os casos de
coronavírus estão crescendo muito, principalmente no interior. Também tem
aumentado a ocupação de leitos, principalmente, de unidades de terapia
intensiva (UTI) nos hospitais. Além disso, nos últimos 15 dias, a taxa de
isolamento no estado paulista caiu, ficando abaixo dos 50%, valor considerado o
mínimo necessário para desacelerar a propagação do coronavírus. “O pior cenário
é o que alia mortes e recessão”, disse o governador.
“O medo é o pior conselheiro da economia. Prejudica o consumo, afugenta o
investimento e ataca os empregos. A quarentena, felizmente, está salvando vidas
em São Paulo e em outros estados brasileiros”, destacou Doria.
Plano São Paulo
Os requisitos da flexibilização da quarentena, segundo o governo paulista,
que estão sendo estabelecidos no Plano SP, vão se basear em critérios técnicos
que incluem, como fatores principais, a redução sustentada dos números de novos
casos de covid-19 por 14 dias e a manutenção da ocupação dos leitos de UTI em
um patamar inferior a 60%.
Conselho Municipalista
Doria anunciou hoje (8)
a criação do Conselho Municipalista que vai discutir as futuras decisões
de flexibilização da quarentena e de retomada total da economia em São Paulo. O
grupo será composto pelos 16 prefeitos de cidades sede de regiões
administrativas do estado além do governador, do vice-governador, Rodrigo
Garcia, e dos secretários José Henrique Germman (Saúde), Marco Vinholi
(Desenvolvimento Regional), Patrícia Ellen (Desenvolvimento Econômico) e
Henrique Meirelles (Fazenda e Planejamento).
Edição: Lílian Beraldo
Publicado em 08/05/2020 – 17:49 Por Elaine
Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil – São Paulo